Jovens brasileiros valorizam o offline e o propósito individual, aponta estudo

Feito pela McCann Truth Central, pesquisa mostrou que geração Z busca construção de uma 'identidade autêntica'

Mesmo sendo a geração mais digital da história, os jovens brasileiros estão redescobrindo o valor do offline, das raízes culturais e da construção de um propósito próprio. Essa é uma das conclusões da pesquisa 'A Verdade sobre a Juventude', conduzida pela McCann Truth Central com apoio do Snap, que analisa a evolução da geração Z ao longo da última década.

A edição mais recente do estudo, realizada em 2024 com mais de 16 mil entrevistados em 16 países, revela que os jovens estão mais interessados em conexões significativas e experiências reais do que em seguir padrões digitais massivos. No Brasil, 92% dos entrevistados preferem relacionamentos monogâmicos, 91% se orgulham de suas raízes culturais e 82% dizem preferir relaxar em casa a sair. Esse movimento aponta para uma ressignificação do tradicionalismo, agora alinhado a uma visão mais consciente e personalizada da vida.

Outro dado relevante indica que o sucesso, para a geração Z, está cada vez menos associado ao status e mais conectado à autenticidade. No país, 73% desejam ou já têm o próprio negócio e 64% esperam ter múltiplas carreiras ao longo da vida. A ideia de trilhar um caminho único e fiel aos próprios valores ganha força frente a modelos lineares de sucesso profissional.

Apesar da hiperconectividade, há sinais claros de exaustão digital. No Brasil, 79% dos jovens buscam hobbies offline, como leitura e atividades físicas, e 68% se sentem melhor representados em encontros presenciais do que nas redes sociais. Globalmente, 63% afirmam se sentir sozinhos mesmo acompanhados por amigos ou familiares, e 70% reconhecem que conexões online podem ser tão significativas quanto as da vida real — reflexo de uma geração que cresceu em um mundo híbrido, mas que hoje questiona os limites da vida digital.

“Existe uma ideia equivocada de que a juventude de hoje vive exclusivamente no digital. O que os dados mostram é justamente o contrário: essa geração está buscando equilíbrio, conexão real e propósito”, afirma Agatha Kim, CSO da WMcCann. Para ela, as marcas precisam se adaptar a essa nova complexidade: “É um convite à escuta profunda e à construção de narrativas mais autênticas, respeitando o ritmo, os valores e a complexidade dessa juventude que não quer seguir regras impostas, mas criar as próprias”.

Agatha Kim, CSO da WMcCann (Divulgação)

O relatório também questiona cinco mitos sobre a geração Z. Um deles é a ideia de que essa geração é homogênea. Ao contrário, a pesquisa aponta uma juventude fragmentada, unida mais por paixões e subculturas do que por faixa etária. No Brasil, por exemplo, 56% se identificam como gamers, 45% como fãs de mangá e anime, e 28% como fãs de Taylor Swift.

Outro mito desconstruído é o da superficialidade nas relações com influenciadores. Segundo o estudo, 91% dos jovens são receptivos a conteúdos patrocinados por criadores, e 82% já compraram algo por influência desses perfis. Um em cada três afirma que influenciadores tiveram mais impacto em suas escolhas de vida do que os próprios pais.

Também é questionada a ideia de que essa geração tem baixa capacidade de atenção. Na verdade, trata-se de uma atenção seletiva: 44% preferem conteúdos de curta duração, mas mergulham profundamente quando o conteúdo é relevante. A geração Z responde melhor a marcas que oferecem histórias, curiosidade e experiências que conectam com seus valores.

Por fim, o estudo aponta que essa geração demonstra alto potencial de lealdade às marcas. No Brasil, 77% se descrevem como leais, e 74% acreditam que as marcas que consomem dizem algo sobre sua identidade. Para 70% globalmente, marcas que oferecem recomendações personalizadas têm mais chance de converter em compras.

(Crédito: Foto de Hc Digital na Unsplash)