K-entertainment cresce sem drama pelo mundo
Construímos uma das mais apaixonadas comunidades. A nossa base é crescente
A música e as novelas sul coreanas se espalham por todo o mundo. O fenômeno do k-pop e do k-drama atrai jovens apaixonados por artistas que interagem com os fãs para manter o engajamento no holofote das estratégias. Será uma onda passageira?
Essa foi a discussão promovida no painel ‘Sustaining fandom: Why k-entertainment is here to stay’, com Jini Cho (WebToon), Regina Kim (Forbes), Brian Nam (Dive Studios) e Karen Paek (Rakuten Viki). O debate foi promovido em uma das salas do Austin Convention Center, na manhã desta segunda (10), durante a 39ª edição do South by Southwest (SXSW), festival de inovação realizado entre os dias 7 e 15 de março, em Austin, no Texas (EUA).
“Construímos uma das comunidades mais apaixonadas. A nossa base é crescente”, confirma a jornalista Regina Kim, que mediou o debate. As marcas representadas na sessão são consideradas pioneiras em estratégias com potencial para globalizar a cultura da Coreia do Sul por meio do k-drama e k-pop.
“A maioria dos fãs está fora da Coreia do Sul. A banda Stray Kids, por exemplo, é mais popular em outros países”, comenta Regina. O grupo já tem shows marcados no Brasil. No dia primeiro de abril, a apresentação será no Rio de Janeiro, no estádio Nilton Santos; e nos dias 5 e 6 do mesmo mês, a banda reunirá os fãs de São Paulo, no estádio do Morumbi. Os ingressos esgotaram em poucas horas.
Brian Nam, fundador e CEO do Dive Studios, companhia de mídia digital especializada na geração Z e no entretenimento sul coreano, ressalta a importância de parceria e colaborações capazes de apoiar o crescimento. O negócio de Nam já atraiu investidores da Union Square Ventures e Hybe Corporation, e registra mais de 1,5 bilhão de views. A comunidade criada pelos estúdios Dive supera a marca de sete milhões de seguidores.
“Vimos uma tremenda expansão nos últimos anos. O conteúdo extrapolou a fronteira da Coreia do Sul”, confirma Karen Paek, vice-presidente de marketing da plataforma de streaming Rakuten Viki. Segundo a executiva, as produções se destacam por ter “boas histórias para contar, se diferenciando do padrão de obras ocidentais ditadas pelos Estados Unidos”.
Segundo ela, romances com “roteiros que surpreendem os espectadores” despertaram a curiosidade das pessoas por conhecer e acompanhar os atores de k-drama e os músicos do k-pop, dando origem a uma comunidade que atrai cada vez vez mais o interesse das marcas.
“Os fãs descobriram os artistas e se apaixonaram, o que puxou o consumo em torno do k-entertainment”, acrescenta Jini Cho, head de marketing da WebToon, especializada em webcomics. Ela lidera as parcerias com marcas. Discord, Duolingo, DC e McDonald’s são algumas delas. Em parceria com a Viki Rakuten, a plataforma promete lançar o k-drama ‘My Girlfriend is the Man!’ até o fim deste ano.
Além de apaixonada, a comunidade é leal ao mundo do k-entertainment. “Não fale mal”, brinca Regina. Para Brian, essa fidelidade vem da consciência de que é preciso gerar experiências e conteúdos de valor. Interação e acesso são primordiais para oferecer o que as pessoas esperam de seus ídolos.
A conexão é firmada a partir de uma estratégia praticamente cocriada com a base de fãs, que enxergam as suas opiniões e pensamentos refletidos nos roteiros de k-drama, contados de um jeito original, característico da cultura sul-coreana. Inspiração e motivação se misturam para deixar pistas que vão além da ficção. “Essa proximidade permite descobrir o que faz os fãs serem tão apaixonados. O nosso desafio é saber quais são os seus próximos vícios”, aponta Jini.
A sustentação do movimento ocorre por meio de shows, lançamentos e novas experiências. Uma delas foi a criação do Dia Internacional do K-Drama. Celebrada em 29 de novembro, a data foi idealizada pelo Rakuten Viki.
O apoio aos criadores de conteúdo é outro alicerce para manter a popularidade do k-entertainment em alta. “O conteúdo criado por eles ajuda a ultrapassar limites com novas histórias. E também precisamos ajudá-los a ganhar dinheiro por meio de parcerias com marcas que apoiam o crescimento da nossa cultura globalmente”, lembra Karen Paek, da Rakuten Viki.
Jini Cho, da WebToon, garante que os fãs aplaudem quando veem marcas bancando conteúdos que levam a cultura sul coreana além das fronteiras do país. “O bom conteúdo transcende barreiras”, pontua. Ela menciona o Brasil, “outra cultura global”, define.