Ken Fujioka lança consultoria estratégica
Cristina e Ken: a consultoria sem brainstorming
Ken Fujioka, ex-VP de planejamento da Loducca e Thompson, anunciou esta semana o lançamento da ADA Strategy, empresa de consultoria estratégica ágil criada ao lado de Cristina Famano (ex-executiva de empresas como Promon, Sky, Vivo, Apple e Nextel), sócia no negócio.
Segundo comunicado, a ideia da empresa surgiu das dores dos próprios fundadores. No mundo das agências, Ken sentia falta de mais disciplina, mais diversidade de talentos e menos egotrips. No universo das corporações, como cliente de várias consultorias tradicionais, Cristina tinha insatisfação com a ausência de senioridade dos consultores, os prazos longos demais e a falta de criatividade. Resolveram então se juntar e criar uma consultoria que atacasse essas dores.
Os dois se conheceram há alguns anos, em lados diferentes do balcão: ela era executiva na Nextel e ele era sócio da Loducca, agência que atendia a empresa na época. “Mas nossas discussões eram sobre business, concepção de produto, desenvolvimento de oferta… Coisas muito anteriores a um briefing de comunicação”, lembra Cristina.
A complementaridade de experiências e repertórios fez os dois se reaproximarem para criar a ADA. “A Cris é engenheira e sempre trabalhou dentro das corporações em projetos estratégicos, ou seja, buchas que envolvem vários departamentos da empresa. Já eu atuei de dentro de agências, como estrategista de marca e de comunicação, nos últimos vinte anos, muitas vezes tendo que orquestrar departamentos e parceiros diferentes. Então percebemos que gostávamos de fazer coisas distintas, mas de um jeito muito parecido: juntando e coordenando talentos diferentes.”
Chegaram então a uma metodologia que, segundo os sócios, une senioridade, diversidade de talentos, soluções concretas testadas e rapidez. Cada projeto dura, em média, quatro semanas, e são sempre liderados pelos sócios, que também colocam a mão na massa. Nas duas primeiras semanas acontece o que eles apelidaram de “Decode”, quando há uma imersão no problema e o desenvolvimento de hipóteses, o que muitas vezes inclui pesquisas-relâmpago. Na última semana acontece o “Disclose”, uma apresentação para todo o time do cliente, incluindo pessoas que não participaram do processo, mas que terão algum papel na continuidade do projeto. Mas é na terceira semana que ocorre o que os próprios fundadores chamam de “coração” do projeto: a “Sprint”. É na business sprint que acontecem as fases de ideação, prototipagem e testes com usuários.
Declaradamente inspirados no Design Sprint (metodologia criada pelo Google Ventures para aceleração de startups), Cristina e Ken fizeram vários testes e adaptações. “Muita coisa não funcionou para o nosso propósito, então criamos também nossos próprios conceitos e ferramentas”, afirma Cristina.
Alguns princípios da gigante do Vale do Silício foram incorporados. Por exemplo, a ausência de brainstorming. “Brainstormings são, na esmagadora maioria das vezes, muito improdutivos”, diz Ken. “Eles inibem subordinados, desprivilegiam os introvertidos, tendem ao mediano, ao medíocre. Então preferimos outras ferramentas e dinâmicas”, afirma.
Entretanto, há também diferenças importantes. Por exemplo, a ADA sempre traz para a business sprint participantes externos, os chamados Outsiders e Makers. “São profissionais com habilidades específicas, complementares ou que já vivenciaram problemas correlatos aos desafio do cliente”, esclarece Ken. “Isso garante a diversidade de talentos, que começa nos próprios fundadores da ADA”, complementa Cristina.
Entre os Outsiders e Makers já participaram desde psicólogos a cineastas, passando por engenheiros, artistas e até mesmo publicitários.
Outra característicada ADA é o fato de não só prototipar soluções, mas também testá-las ao final do processo. “A gente não gera relatórios, mas sim protótipos, soluções concretas, coisas que possam ser submetidas a pessoas ‘de verdade’. Mas não paramos por aí: a gente testa os protótipos desenvolvidos. Afinal, o ponto de vista dos usuários é essencial”, diz Cristina.
“Mais do que rapidez, a gente prefere falar em time constraint, ou, em bom português, restrição de tempo. A restrição de tempo, sim, faz parte do jeito ADA. Ela gera senso de urgência, foco e espírito de presença. Coisas que, infelizmente, não praticamos no dia-a-dia: as decisões são postergadas, as atividades são interrompidas por reuniões desnecessárias, as mentes ficam ligadas nas notificações do celular… Uma tragédia”, diz Ken. “Mas é possível criar uma bolha temporária ideal, e é isso que nossa metodologia procura fazer”, complementa Cris.
Os projetos já desenvolvidos pela ADA Strategy vão desde a criação de uma campanha digital de lançamento de produto para uma fintech até o desenvolvimento de um modelo de atendimento ideal para uma rede de serviços, passando também pela criação da oferta promocional de telecomunicações, o redesenho escalável de um serviço digital e a concepção de uma inovação tecnológica na área de saúde.
“Por atuarmos em projetos estratégicos, a maioria deles são confidenciais. Isso é uma diferença grande em relação à minha experiência anterior em agências, onde cada ovo botado gera um cacarejo”, brinca Ken. “Mas o sentimento de realização é enorme e faz tudo valer a pena”, conclui.