‘Kiss cam’ do Coldplay viraliza: o que torna a linguagem dos memes tão única?

SBT aproveita o assunto em campanha de estreia do 'Casos de Família' e mostra como marcas podem entrar na conversa

Um casal de amantes flagrado pelo momento da ‘kiss cam’ na apresentação do Coldplay se tornou um fenômeno viral de memes. Durante a apresentação da banda inglesa em Boston, no dia 16 de julho, a tradicional câmera focou em dois fãs abraçados na plateia. Assim que perceberam a exposição, os dois se afastaram visivelmente constrangidos.

Do palco, o vocalista Chris Martin não deixou passar: “Ou eles estão tendo um caso ou são muito tímidos”.

A frase, somada à reação do casal, foi o suficiente para instigar a internet. Em pouco tempo, o público identificou os protagonistas do momento: Andy Byron, CEO da empresa de tecnologia Astronomer, e Kristin Cabot, diretora de RH da mesma companhia.

A revelação ampliou a repercussão em torno de um suposto caso de adultério e gerou uma onda de memes. O episódio ganhou ainda mais visibilidade ao ser abordado em programas de TV dos EUA, como o The Late Show with Stephen Colbert.

De olho no buzz, o SBT decidiu usar o caso como gancho para promover a volta do 'Casos de Família', que retorna à grade da emissora nesta segunda-feira (28), após três anos fora do ar.

A iniciativa conta com a divulgação de uma carta aberta, assinada por Christina Rocha, com um convite ao casal.

(Divulgação)

A estratégia usa a viralização como ponte para conectar cultura pop, narrativas afetivas e estratégia digital — o que, segundo Rafael Terra, professor de marketing digital da ESPM, é justamente a força dos memes.

“O meme traduz emoções coletivas em poucos segundos. É a síntese entre timing, identificação e simplicidade”, explica. “Ele nasce do caos das redes e transforma qualquer tema, do trágico ao banal, em algo compartilhável. É a linguagem nativa da internet.”

Para o professor, mais do que formato visual ou humor fácil, o que impulsiona o meme é o sentimento de pertencimento. “O meme é um ‘código interno’, ou seja, quem entende, pertence. O humor é a ponte. E o formato visual garante velocidade de consumo. É como um abraço entre iguais, disfarçado de piada.”

Essa combinação faz dos memes um campo fértil para conversas espontâneas, que ultrapassam os limites da viralização para se tornarem pauta, como no caso do Coldplay. E para as marcas que buscam se manter relevantes nas redes, entender essa dinâmica é crucial.

“Entrar em uma conversa viralizada por memes é uma das formas mais eficazes de gerar conexão, desde que não pareça forçado”, explica Terra.

“Marcas que dominam essa linguagem mostram que estão escutando. Mas a regra de ouro é: entre se fizer sentido com seu tom de voz. Meme não é atalho. É afeto codificado.”

O professor cita o Duolingo como exemplo de marca que conseguiu entender e internalizar esse código. “O Duolingo não tenta ‘surfar’ o meme porque ele é o meme. Isso vem de ter uma equipe nativa do digital, liberdade criativa e coragem para flertar com o absurdo”, finaliza.

(Crédito: Reprodução/Redes sociais)