As redes sociais têm sido impiedosas com campanhas que não seguem os princípios de respeito a gêneros, cor de pele e outros temas sociais. Desta vez é a agência Leo Burnett Tailor Made e a marca de autopeças Meritor que estão sofrendo um contra-ataque na internet por conta da peça “The Shemale Calendar”, criado em 2013 e publicado há um mês no 39º Anuário do Clube de Criação por ter entrado no shortlist da premiação. 

A polêmica está no conceito por trás da criação do calendário. Distribuída em oficinas mecânicas, a peça retrata transexuais com a mensagem “se não é original, mais cedo ou mais tarde você sente a diferença”. A acusação de transfobia se espalha rapidamente pelas redes sociais.

A maquiadora e modelo Rafaela Manfrini, uma das seis transexuais que posam no calendário, chegou a afirmar em entrevista ao site BuzzFeed que não sabia que a imagem seria usada em uma campanha real e que a informação passada a ela era de que se tratava de um teste para uma campanha da Fiat que concorreria ao festival de Cannes. 

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Em resposta à repercussão, o sócio e co-presidente da Leo Burnett, Marcelo Reis, diz que uma semana após a distribuição do calendário a própria agência solicitou a retirada das peças das oficinas e que a campanha foi inscrita no Anuário do Clube de Criação por um equívoco. “Eu, Marcelo Reis, peço desculpas. Lamentamos o constrangimento causado. Já solicitamos ao Clube de Criação que o trabalho seja retirado do Festival, por não estar alinhado com nosso modo de pensar e agir”. 

Já o Clube de Criação alega que recebe inscrições de trabalhos criados por toda e qualquer agência do mercado publicitário brasileiro e respeita as escolhas dos jurados sem fazer qualquer ponderação ou julgamento de valor. A única exigência da entidade é que as peças tenham sido veiculadas. “Neste caso, o trabalho foi inscrito na categoria Design Gráfico e, portanto, não caberia comprovante de veiculação, mas sim uma carta, assinada pela agência e pelo anunciante, atestando que os calendários haviam sido entregues ao seu público-alvo. O Clube recebeu esta carta”, garante o Clube.

Contraditoriamente, o anunciante do calendário, a Meritor, afirma que sua imagem foi usada de forma indevida e sem autorização oficial. “A empresa acredita que um colaborador pode ter aprovado inapropriadamente o uso de seu nome e logotipo. No momento, a companhia está se reunindo para levantamento de detalhes sobre o assunto. A Meritor não apoia campanhas dessa natureza”, tenta se defender a empresa em comunicado.