Lições do Zaragoza
No começo de 1970 eu trabalhava na Manchete como contato de Fatos e Fotos, Pais e Filhos e outras revistas, quando surgiu
um daqueles problemas de ultima hora. Fui escalado para entregar uma arte final de uma pagina no sábado antes das 20,00 em Graficos Bloch o grande parque gráfico da Manchete em Parada de Lucas, no Rio de Janeiro.
Casado fazia pouco tempo, tive que vender para minha mulher a ideia de ter que viajar para o Rio de Janeiro num fim de semana e era Carnaval.
Almocei, fui para a DPZ que ainda era na Rua Colombia. La fiquei conhecendo pessoalmente o Zaragoza que estava executando a arte final. Só nós dois naquele estúdio, conversamos sobre muitas coisas e eu é claro, reclamando de ter que trabalhar num sábado chuvoso e ainda ter que pegar um avião da ponte aérea. Paciente, o Zara me ouvia e acho que só não me mandou à merda porque ficaria sem ninguém para conversar. Mais velho que eu 4 anos, ele era tão grande profissionalmente, que nossa diferença de idade parecia ser de 20 ou 30 anos.
Naquelas conversas Zara me ensinou coisas que jamais esqueci, como, “se você não gosta do que faz, aprenda a gostar do que está fazendo, afinal você tem que fazer, não é mesmo?…” Aproveite para tirar alguma vantagem da chatice dessa e de quaisquer outras viagens…”
Não reclame tche, trabalhe. Você ganha experiência e tanto conhecimento que ninguém pode te roubar…”
Um chuva daquelas, peguei um velho Avro da Ponte Aérea que tinha duas goteiras no lugar em que eu estava e aí tive que cuidar para que não caísse uma gôta d‘gua naquela arte.o bicho balançou o tempo todo. Na volta peguei um Samurai da Vasp que quase caiu na Baía de Guanabara
Duas viagens sofridas mas até que foi bom, porque aprendi a gostar daquilo que estivesse fazendo. Obrigado mestre Zara.
Humberto Mendes é VP executivo da Fenapro