Líderes do setor pregam união durante 10º Congresso Brasileiro de Jornais
Os mais importantes editores de jornais do país estiveram reunidos no teatro do WTC, em São Paulo, na tarde desta terça-feira (19), para o debate de encerramento do 10º Congresso Brasileiro de Jornais, promovido pela ANJ (Associação Nacional de Jornais). João Roberto Marinho, vice-presidente das Organizações Globo; Francisco Mesquita Neto, diretor-presidente do Grupo Estado; Luiz Frias, presidente do Grupo Folha; e Nelson Sirotsky, presidente do Conselho de Administração do Grupo RBS, participaram do painel “O compromisso dos jornais com o novo posicionamento”.
Além de falarem sobre a campanha publicitária lançada oficialmente momentos antes pela associação (leia mais nesta matéria), os executivos ressaltaram a importância da união do setor e da rentabilidade no digital. “Talvez a grande novidade deste movimento da ANJ seja a união entre os jornais. Foi justamente a falta de união que nos prejudicou no passado”, disse Mesquita Neto, afirmando que esta união irá também refortalecer o tripé agência-veículo-anunciante. “Teve uma época em que o jornal era para ‘vender estoques’. Só que, ao mesmo tempo em que empresas como Gafisa, Lopes e tantos outros varejistas vendiam seus estoques, também construíram suas marcas pelo meio. Algo que Friboi e Sadia, para citar dois exemplos, estão entendendo muito bem hoje”, completou, em um discurso de que jornal pode sim construir marcas fortes.
Publisher da Folha, Frias chamou a atenção para o digital, citando números de assinantes na web de New York Times (1,4 milhão) e The Wall Street Journal (950 mil). “A Folha de S. Paulo tem hoje 150 mil assinantes digitais. E queremos em, no máximo 18 meses, ser maior do que no papel”, pontuou. Para o executivo, se por um lado a assinatura na internet é mais barata do que na versão impressa, por outro não há custos de gráfica e distribuição. “A internet ameaça as gráficas, não o jornalismo, como muitos chegaram a pensar um dia”, ressaltou, reforçando, porém, que um jornal independente precisa ter também independência econômica. “Aí sim um modelo de negócios equilibrado passa a ser relevante para todos”.
Frias citou como exemplo o Facebook, que até hoje não conseguiu se monetizar junto ao mercado anunciante. “Isso não serve de consolo para nós, mas serve de exemplo. Estamos na mesma página e nosso grande desafio também é encontrar esta monetização”. “Independência econômica é fundamental para a liberdade de imprensa”, completou Sirotsky, também dizendo que é preciso a retomada do bolo publicitário.
João Roberto Marinho, da Globo, lembrou que no início a internet angustiou um pouco os jornais, mas que hoje, até a boataria que corre na web é benéfica ao meio. “A boataria e mentiras ajudam quem realmente tem credibilidade para mostrar, como nós”.
Entre os vários executivos do mercado publicitário presentes ao Congresso, Nizan Guanaes, chairman do Grupo ABC, provocou. “Os jornais têm que fazer igual ao Google, que vive fazendo marketing com as agências”, disse, na autoridade de sócio do maior grupo de comunicação publicitária do país.
Campanha
Coube a Luiz Lara, CEO da Lew’LaraTBWA, apresentar oficialmente a campanha “Jornal. Está em tudo”. A iniciativa da ANJ, que estreia na mídia ainda nesta semana, visa atestar a credibilidade do jornal, posicionando-o como aquele que pautas os outros meios de comunicação. E estreitar sua relação com agências e anunciantes, de olho na retomada dos investimentos publicitários no setor.
Levantamento da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República), que ouviu 18,3 mil pessoas em 848 municípios, constatou que 53% dos que leem jornais impressos confiam nas notícias publicadas. Já estudo da comScore mostra que das pessoas que acessam notícias na internet no Brasil, 57% delas o fazem por meio dos jornais, um universo de aproximadamente 32 milhões de pessoas.
Por sua vez, os Estudos Marplan EGM, de janeiro a dezembro de 2013, revelam que 62% dos leitores de jornal não fazem outra atividade enquanto estão lendo, mostrando que o meio sofre menos dispersão do que a TV, o rádio e a internet (leia mais aqui). “Mais do que circulação e audiência – que é um ponto que buscamos saber de forma mais exata –, temos que dar atenção ao engajamento do jornal nos dias de hoje, ao seu poder de viralização”, disse Lara. “As indústrias da música e da fotografia viram grandes empresas acabar ou diminuir, com novos players tomando conta desses mercados. É um alerta que fica para nós”, completou Eduardo Sirotsky Melzer, presidente do Grupo RBS.
Diretoria
Também durante o 10º Congresso Brasileiro de Jornais foi empossada a diretoria da ANJ para o biênio 2014/2016. O presidente Carlos Fernando Lindenberg Neto, d’A Gazeta (ES), foi reeleito e em seu discurso destacou o papel da indústria jornalística na manutenção da democracia no Brasil.
Compõem também a diretoria o vice-presidente secretário Álvaro Augusto Teixeira da Costa, do Correio Braziliense (DF); o vice-presidente financeiro Jaime Câmara Júnior, d’O Popular (GO); e os vice-presidentes Ana Amélia Cunha Pereira Filizola, da Gazeta do Povo (PR); Francisco Mesquita Neto, d’O Estado de S.Paulo (SP); João Roberto Marinho, d’O Globo (RJ); Luciana de Alcântara Dummar, d’O Povo (CE); Maria Judith de Brito, da Folha de S. Paulo (SP); Mário Alberto de Paula Gusmão, do Jornal do NH (RS); Nelson Pacheco Sirotsky, do Zero Hora (RS); Sylvino de Godoy Neto, do Correio Popular (SP); e Walter de Mattos Junior, do Diário Lance! (RJ).