Linguagem digital vai dar o tom da operação da Salve Tribal
A formalização da fusão das agências LDC e Salve dá início a uma nova marca publicitária no mercado brasileiro, a Salve Tribal Worldwide. O negócio, voltado ao digital, com foco na integração entre on e offline, tem assinatura Omnicom e representa a primeira grande mudança promovida pelo grupo norte-americano após ter incorporado o ABC. Desde o início de 2017 à frente da LDC, Alcir Gomes Leite agora assume a presidência da nova agência. Carlos Pitchu, idealizador da Salve, será o CEO. O processo de fusão, anunciado no último dia 9, teve início há cerca de quatro meses, mas mantido em absoluto sigilo.
O executivo Alcir Gomes Leite, agachado à esquerda, será o presidente da Salve Tribal Worldwide, e Carlos Pitchu, agachado na extrema direita, o CEO da operação
Após identificação da Tribal, a premiada agência da holding Omnicom, como ideal para integrar a operação, apesar de Salve e LDC estarem atuando de forma separada, o sistema de soft opening estava configurado. Os 30 clientes das agências, como Natura, Riot Games, Kimberly-Clark e Caloi (Salve) e Nextel, Leroy Merlin, Santander, Unidas, Quacker e Red Bull, entre outros, começaram a ser avisados sobre o processo em dezembro de 2016. A Tribal foi fundada em 2002 e está presente em 40 países, conquistando vários prêmios. Sua unidade em Amsterdã, por exemplo, ganhou o Grand Prix do Film Lions há sete anos com o comercial Carousel, para a Philips.
“A gente é pós-digital e uma agência absolutamente completa. Estamos pegando tudo que tinha de bom na LDC, e tinha muita coisa, como a capacidade criativa e de contar histórias, e isso é fundamental, com a Salve, que é absolutamente digital. Temos agora uma agência com todas expertises que o mercado exige e uma das maiores operações do país”, afirma Leite. Juan Carlos Ortiz, presidente da Tribal na América Latina, disse que a operação brasileira representa um “potencial enorme” para a Tribal nesta era pós-digital.
A partir do próximo dia 20, a equipe da Salve vai se mudar para o prédio da antiga LDC, marca que deixa de existir. Serão 200 funcionários. A área de criação será comandada de forma tripartite entre Fabio Saboya, Cassion Moroin e James Scavone. “Eles vão supervisionar o grupo de duplas. O interessante é que não há superposição”, disse Pitchu, completando que um diferencial da Salve Tribal será a presença de um CXO (Chief Experience Officer), cargo ocupado por Ricardo Schreiner, que era sócio da Salve. “Os designers não sabem como fazer a interface das peças de comunicação para cyber e celular. O Ricardo e sua equipe fazem a arquitetura de front end”, acrescenta Pitchu, lembrando que a Tribal é líder na América Latina no conceito de user experience.
Os primeiros trabalhos da Salve Tribal já estão no forno e devem dar uma ideia do potencial do negócio. Segundo Leite (ver entrevista ao lado), a linguagem integrada que a agência planeja consolidar vai ajudar a ativar novos negócios dos próprios clientes. “A decisão foi muito bem aceita pelos clientes e nos resta ser relevantes”, destaca o presidente da Salve Tribal. Pitchu prossegue: “Estamos muito animados com tudo o que está ocorrendo. Vemos que a união dos conhecimentos das duas agências, mais o conteúdo da Tribal e do Omnicom, vai permitir a realização de um projeto sólido e consistente”, ele finaliza.
“Aproveitar ao máximo todas as possibilidades existentes na rede”
Com uma longa carreira na DM9DDB, a saída de Alcir Gomes Leite da agência em novembro do ano passado surpreendeu o mercado. Assumir a presidência da LDC indicava que a intenção era mudar a marca e dar continuidade ao negócio. Não era bem assim. Leite vai presidir a Salve Tribal Worldwide. Ao seu lado vai estar o executivo Carlos Pitchu, fundador da Salve. Veja os principais pontos da entrevista concedida por Leite ao PROPMARK. A ideia é uma articulação eficaz entre o conceito de mídia de massa e digital. Tudo junto, misturado e com as ferramentas-proprietárias da marca da holding Omnicom.
Operação
O que vamos entregar é uma solução completa de comunicação para os nossos clientes, afinal a Salve é nativa digital e a LDC é nativa em storytelling. Fizemos esse negócio para aumentar relacionamento e participação nos negócios. Os perfis são complementares
Diferencial
Não basta contratar um head digital e terceirizar tudo. A coisa fica mal-ajambrada. O importante é ter cultura. Vamos construir uma solução de verdade porque uma conhece bem o ATL e a outra o digital. E com a Tribal essa expertise vai ter uma garantia sólida. Vamos ser digitais, mas sem perder de vista o alcance das demandas de massa.
Conhecimento
As ferramentas de performance são uma das prioridades. A Tribal já faz uso na América Latina dos mecanismos de user experience e CRM da rede. Na Espanha e na Inglaterra a agência trabalha para a Volkswagen e vamos buscar esse benchmark. Vamos ter o digital na veia sem o viés de fábrica que muitas agências mantêm quando querem se modernizar porque não conseguem tirar o foco da origem do pensamento.
Intercâmbio
A ideia do Carlos Pitchu, com quem estou aprendendo muito, é aproveitar ao máximo todas as possibilidades existentes na rede. O escritório da Tribal na Espanha é uma espécie de centro de excelência em internet e temos de extrair conhecimento com sua experiência com clientes como Volkswagen. O grupo Omnicom também vai nos ajudar com seu vasto arsenal de soluções de comunicação, sobretudo em mídia. Nós já estamos organizando um grupo para aperfeiçoamento de mídia programática nos Estados Unidos.
Dimensão
Muito maior do que imaginávamos. Temos a vantagem de nascer como uma nativa digital, portanto em pé de igualdade. Quando fui anunciado como presidente da LDC, disse que o projeto ia ser contaminado pelo digital. Só não podia falar ainda que essa ideia envolvia a Salve e a Tribal. Mas não podemos nos esquecer que é com o andar da carruagem que as abóboras se acomodam. Teremos boas surpresas.
Ajustes
Já foram feitos. A ideia é buscar oportunidades para crescermos e ganharmos relevância estratégica.