Maioria dos jovens brasileiros não tem posição política definida, diz Unifesp
Corrupção, violência e saúde estão no topo das preocupações, enquanto projetos em escolas apontam para engajamento prático
A pesquisa ‘O que pensam os jovens’, conduzida pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em parceria com o Instituto Idea, traça um panorama sobre como homens e mulheres de 18 a 27 anos enxergam temas sociais e econômicos no Brasil. Realizado em setembro de 2024, o estudo revela um cenário de polarização que dialoga com tendências já observadas em relatórios internacionais. No ‘Edelman trust barometer’ de 2023, por exemplo, o Brasil apareceu na sétima posição entre 28 países avaliados quanto à percepção de polarização política, classificado como ‘moderado’. O estudo ouviu cerca de 1.500 brasileiros em novembro de 2022.
O recorte da universidade mostra que a maioria dos jovens prefere não se enquadrar em classificações ideológicas tradicionais: 58,5% dizem não se identificar com nenhum campo político. Dentro desse grupo, estão os que nunca tiveram posição (31,4%), os que não sabem ou preferem não responder (20,2%) e os que já tiveram, mas não têm mais (6,9%). Outros 8,5% se declaram de centro. No entanto, entre os que assumem um alinhamento, a divisão é cravada: 16,3% se colocam à esquerda ou centro-esquerda, e 16,6% à direita ou centro-direita.
Pedro Arantes, docente da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Unifesp Guarulhos, avalia que os números isolados sobre posições políticas não configuram uma polarização generalizada, mas devem ser lidos caso a caso.
“Quando se fala em sociedade polarizada no Brasil, há temas que, de fato, envolvem posições antagônicas de grupos significativos. Mas há outros em que se observa quase um consenso, e talvez sejam justamente esses os mais interessantes para retomarmos algum tipo de interlocução. Entre os jovens (e não só), os temas de costumes e identitários são os que mais dividem as respostas, influenciados por ideologia, gênero e, sobretudo, religião. Por outro lado, há tópicos que unem os jovens, revelando preocupações comuns, com baixa variação ideológica ou religiosa”, observa.
Leia a matéria completa na edição do propmark de 15 de setembro de 2025