Mais que potência econômica, um grande laboratório de criatividade
Conhecida internacionalmente como um dos maiores centros financeiros da América Latina e do mundo, São Paulo é muito mais do que cifras econômicas, reuniões de negócios e carros engarrafados. A cidade é um polo de atração para gente criativa de todos os lugares do Brasil e do mundo.
No entanto, a responsabilidade de representar 10% do PIB nacional faz com que até mesmo a criatividade seja medida, de alguma forma, por números. Um estudo recente realizado pela Prefeitura revela que a chamada economia criativa, que reúne áreas como design, cultura, tecnologia e artes, movimenta aproximadamente R$ 40 bilhões por ano, o equivalente a 10% do PIB do maior município do país.
Grafite no Túnel José Roberto Melhem, próximo à Rebouças, que acabou sendo apagado pelas autoridades locais e gerou polêmica na cidade
Considerando apenas o universo das agências de publicidade, um levantamento do Sinapro-SP (Sindicato das Agências de Propaganda do Estado de São Paulo) revela que pelo menos 69% de uma receita bruta projetada em mais de R$ 6 bilhões está concentrada em São Paulo.
Tamanha força econômica, naturalmente, atrai as melhores mentes. Assim como em qualquer setor, os escritórios publicitários da cidade estão recheados de talentos de diversos cantos do Brasil. Apenas para citar os maiores exemplos, o baiano Nizan Guanaes e o carioca Marcello Serpa, grandes referências do mercado publicitário mundial, em momentos determinantes tiveram de se mudar para São Paulo para se tornarem os grandes nomes que são hoje. Nizan, na DPZ e posteriormente na DM9DDB e Grupo ABC; e Serpa, na AlmapBBDO. E, para não ficar parecendo que as grandes mentes precisam ser importadas, o paulistano Washington Olivetto desenvolveu sua criatividade no dia a dia da metrópole.
“São Paulo tem um poder de atração enorme porque é um hub para o mundo. Nenhuma outra cidade do país tem essa marca de maneira tão forte. Por isso, os grandes talentos estão na capital paulista. Os protagonistas querem estar onde as coisas acontecem, onde está o mel”, comenta Victor Megido, diretor-geral do IED Brasil (Instituto Europeo di Design).
Acostumado a lidar com jovens que buscam se especializar em cursos do IED que estão dentro do conceito de economia criativa, Megido destaca a diversidade cultural como um dos motivos que fazem de São Paulo um laboratório de ideias e criatividade. “É uma cidade de contrastes. Você encontra um pouco de Milão, Nova York, Shangai e até um pedaço do Japão, tudo no mesmo lugar”, diz. “E, ao contrário dos Estados Unidos, em que há bairros quase sempre separados por nacionalidades, raças ou religião, em São Paulo tudo se mistura. É um ambiente propício para a criatividade em suas diversas formas”, complementa.
Arte nas ruas
Uma das correntes criativas que mais se destacam em São Paulo é o grafitismo. Com características extremamente urbanas, a cidade começou a ganhar obras de arte espontâneas, pintadas em muros de imóveis públicos, privados e até mesmo abandonados.
Entre os grafiteiros mais aclamados do mundo na atualidade, por exemplo, estão “Os Gemeos”, dupla paulistana formada pelos irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo, que se destacaram com artes nos muros do Cambuci, bairro na zona central de São Paulo, e hoje são requisitados para grafitar em diversas cidades do planeta, desde Nova York e Boston, nos Estados Unidos, a Naestved, na Dinamarca, e Minsk, na Bielorrússia. “O grafitismo é um elemento que diferencia São Paulo das outras cidades”, resume Megido, do IED.