Marca icônica da publicidade, DM9 está de volta ao mercado
Pipo Calazans, Thomas Tagliaferro e Icaro Doria serão copresidentes da agência, resultado da fusão da Sunset, Tracylocke Brasil e da Track
A DM9, uma das principais agências da história da publicidade brasileira, está de volta ao mercado. A operação volta após quase quatro anos como resultado da fusão da Sunset, Tracylocke Brasil, e da Track, de CRM.
A agência, que renasce como o maior investimento do grupo DDB na América Latina, será comandada por um trio de copresidentes: Pipo Calazans (CEO), Thomas Tagliaferro (COO) e Icaro Doria (CCO).
A operação começou a ser pensada no fim do ano passado e se inicia com 250 colaboradores e clientes como Burker King, CarePlus, Centauro, Claro, Dasa Stellantis e Vigor – marcas que a DM9 herda da Sunset, Tracylocke Brasil, agência de shopper experience, e da Track, de CRM, que deixam de existir.
Na nova configuração, a proposta é resgatar o protagonismo que a marca DM9 imprimiu na publicidade, criando campanhas como 'Mamíferos', para a Parmalat; 'Pipoca na Panela', para o Guaraná Antarctica, e 'Monotonia', para a Honda - até por isso assina apenas como DM9, sem o DDB do grupo. "A DM9 para mim é provavelmente a única marca que coloca o Brasil como um dos lugares mais icônicos da publicidade mundial", afirma Doria.
Parte de uma oferta de operação integrada, sem silos entre as áreas e com a perspectiva da criação de experiências "memoráveis" para os consumidores. E vai reunir os expertises de especialistas em shopper, CRM, dados, planejamento e criatividade, dentro um modelo que se propõe a construir "insights" ao longo da jornada de comunicação das marcas.
"O diferencial hoje não é o que você tem de dado, mas como você transforma esse dado com criatividade para que, de fato, consiga acionar o gatilhos para fazer as pessoas pararem, lembrarem, comprarem, se emocionarem e compartilharem", disse Calazans. "Isso é o papel fundamental da criatividade no mundo que nós temos hoje e isso tem que acontecer em toda a jornada e é, por isso, que a gente está trazendo de volta uma das agências mais criativas do mundo para se tornar uma das agências mais criativas do novo mundo" complementa.
A expectativa dos executivos é de que a agência dobre de tamanho ao longo dos próximos 12 meses, a partir de uma estratégia "agressiva" de novos negócios. Umas das estratégias é ganhar espaço em clientes que já estão na nova casa, muitos dos quais usam disciplinas específicas antes oferecidas pela TL, Track ou Sunset.
Além disso, pretende trabalhar por projetos e também por disciplinas. "As marcas podem não comprar tudo, mas recebem tudo. O pensamento vai estar lá", explica Doria.
O anúncio foi realizado nesta quarta (8), em São Paulo, data em que os líderes da agência fazem uma cerimônia para comunicar o retorno da DM9 a todos os colaboradores das três agências. Esta quinta, dia 9, marca o novo início.
Além de colocar de pé uma marca com tamanho peso no mercado de comunicação, a nova operação terá o desafio de não apenas estampar rostos brasileiros nas campanhas, mas também contar com profissionais que representem a diversidade no país, seja étnico racial, orientação sexual, etária ou de gênero. A foto acima deixa claro que existe um caminho a percorrer, pelo menos, sob o olhar étnico.
"A gente é uma agência brasileira, da criatividade brasileira e a gente precisa refletir o Brasil. E a hora que a gente olha essa foto a gente entende qual é a necessidade. E é o D0 [dia zero], é assim que a gente nasce e já nasce com um pacto muito importante de 50% das vagas [para diversidade] e com uma consultoria muito importante para começar esse processo de cima para baixo", afirma Calazans, ao ser questionado pelo PROPMARK sobre a falta de representatividade entre os integrantes do board.
O profissional afirmou que desde janeiro deste ano há uma política que direciona 50% das vagas para três pilares de diversidade, cor, orientação sexual e idade, e que a agência contratou a consultoria Indique Uma Preta, para fomentar a chegada de lideranças negras.
Contexto da agência
A decisão de fusão com a SunsetDDB veio em um ano conturbado para DM9 após perder contas como Subaru, parte da Johnson & Johnson e do McDonald’s, Itaú e ainda ter saído saída do seu tradicional prédio, localizado em uma esquina da Brigadeiro Luis Antônio para a Faria Lima. Os dados da Kantar, divulgados em 2019, mostrariam que a DM9 tinha encerrado 2018 como a 17ª maior agência do país, com compras de mídia em valores brutos estimados em 1,8 bilhão.
À época, o Grupo ABC - parte do Omnicom - anunciou em comunicado que “a fusão dá seguimento à gestão permanente de ativos do ABC e está em linha com mudanças feitas no mundo da propaganda nacional e internacional diante das grandes evoluções da publicidade”.
E o Nizan Guanaes, que adquiriu a DM9 de Duda Mendonça em 1989, em Salvador, e a trouxe para São Paulo junto com Guga Valente, disse que o fim refletia a evolução dos tempos.
“Quando eu e Guga fundamos a DM9, tínhamos um sonho grande que se tornou ainda maior na realidade. O papel da DM9 na propaganda mundial é patrimônio eterno do Brasil. Mas os tempos evoluíram, e a SunsetDDB chega unindo o universo infinito dos dados com a força infinita da criatividade”, afirmou Nizan.
A decisão foi acompanhada por uma série de depoimentos de profissionais do mercado que haviam passado ou que tinham apreço pela história construída pela agência.