Marcas investem em James Bond
Se em “007 – Operação Skyfall”, 23º filme da franquia, o vigor físico e as habilidades do agente secreto mais famoso do mundo são colocadas em xeque, no universo da publicidade ele ressurge mais forte que nunca. O investimento das marcas no longa-metragem foi tão grande que o próprio Daniel Craig, intérprete de Bond, admitiu que, sem patrocinadores, a aventura jamais teria saído do papel. “Nós nos relacionamos com várias companhias e, por isso, conseguimos fazer o filme. O fato é que, sem elas, nós não o faríamos”, afirmou, em entrevista à imprensa.
Oito marcas atrelaram sua imagem a de “Skyfall”, orçado em cerca de US$ 200 milhões. Muitas delas são parceiras da saga há anos, como é o caso da Omega, que empresta seu moderno design de relógios ao agente desde “GoldenEye”, lançado em 1995. Em “Skyfall” — filme que ao longo de toda a sua narrativa aborda a questão do tempo e de como velhos hábitos perdem força com a chegada do novo —, a presença da marca é ainda mais significativa. O relógio Seamaster Planet Ocean 600M pode ser visto em diversas cenas, como na que Bond admira quadros na National Gallery, em Londres. O produto será comercializado em edição limitada e traz o logotipo do 007 na posição do número 7 e a inscrição “Skyfall” na parte traseira.
Outra marca já conhecida do público é a Bollinger, uma das mais renomadas casas de champanhe. Bond se mantém fiel à bebida há quase 40 anos, na relação mais longa da indústria cinematográfica: ela está presente em 12 dos 23 filmes. A primeira aparição foi em “Live and let die”, de 1973. Agora, além de aparecer no longa ao lado da Bondgirl Sévérine (Bérénice Marlohe), Bollinger lança a edição exclusiva “002 para 007” de Bollinger La Grande Année 2002, para celebrar os 50 anos do agente nos cinemas — o primeiro filme, “007 contra o satânico Dr. No”, chegou às telas em 1962. A caixa de champanhe tem o formato de um silenciador de arma e um cadeado que só abre quando introduzido o código 007.
Há dez anos conhecida como a marca oficial de celulares de Bond — sua estreia foi em “Die another day”, de 2002 —, a Sony também deu continuidade à parceria, desta vez apresentando os modelos Xperia. Os computadores, indispensáveis a qualquer trama que envolva agentes terroristas e ameaças invisíveis, levam o logo de Sony Vaio e ganham destaque na mesa de M, interpretada pela veterana Judi Dench. E, se em outros tempos o drink ícone da espionagem britânica era o Dry Martini — “mexido, e não batido”, como diria o protagonista — agora Bond troca a emblemática bebida por uma cerveja Heineken, marca associada à série há quinze anos. O investimento da companhia no filme foi o maior entre os patrocinadores: US$ 45 milhões.
Apesar de não aparecerem como coadjuvantes na trama, algumas empresas pegaram carona na estreia de “Skyfall” para lançarem produtos. É o caso da P&G, que disponibilizou no mercado a primeira fragrância de 007. A Coca-Cola também aproveitou o patrocínio para comercializar embalagens especiais em alusão ao filme e veicular o comercial “Unlock the 007 in you”, da Publicis Conseil. A peça brinca com a famosa música-tema do longa e desafia os consumidores em uma missão em busca de ingressos. Outra ação foi desenvolvida pelo VisitBritain, que, sabiamente, utilizou as aventuras do agente inglês para incentivar o turismo na Grã-Bretanha.
Ação sob quadro rodas
Basta as produtoras Eon Productions, Metro-Goldwyn-Mayer Studios e Sony Pictures Entertainment anunciarem a estreia de mais um filme da série para que os fãs levantem a questão: afinal, qual será o novo carro do agente secreto? Em “Skyfall” o Premier Automotive Group, que controla marcas como Land Rover, Jaguar e Aston Martin, reina absoluto. Na cena inicial, é possível ver a agente Eve (Naomi Harris) dirigindo um Land Rover Defender, enquanto, ao longo do filme, Bond persegue vilões em um Jaguar XJ. Porém, todos os carros são esquecidos quando surge na tela o superesportivo Aston Martin DBS. O lendário veículo foi utilizado pela primeira vez em “007 contra Goldfinger”, de 1964, e fez participações especiais em filmes recentes, como “Cassino Royale”, de 2006. Em “Skyfall”, ele homenageia os velhos tempos de espionagem e é dirigido por Bond na Escócia, sua terra natal.
Mas não é apenas sob quatro rodas que Bond corre atrás de inimigos. Em cenas de perseguição gravadas nas ruas de Istambul, na Turquia, o agente pilota os modelos CRF250R Honda. A companhia japonesa cedeu todas as motocicletas usadas em cenas de ação e pelos dublês.
A união de todas as marcas, que se beneficiaram do sucesso da série ao mesmo tempo em que a ajudaram a se manter viva, só trouxe resultados positivos a “Skyfall”. Somam-se a elas uma receita infalível em filmes de ação: pancadaria, explosões, tiros, belas mulheres, planos mirabolantes, vilões inesquecíveis, cenários paradisíacos e, claro, um grande protagonista. Tudo leva a crer que a franquia, a mais duradoura e lucrativa da história do cinema, ainda viverá por muitos e muitos anos.