Mercado acelera estratégias para alcançar exigências do público geek

25 de maio é o dia que geeks e nerds chamam de seu. O Dia do Orgulho Nerd, celebrado nesta quinta-feira, surgiu por alguns motivos especiais. O primeiro deles é que, no dia 25 de maio de 1977, o filme “Star Wars Ep IV: Uma Nova Esperança” estreou nos cinemas dos Estados Unidos. O segundo faz referência a morte de Douglas Adams em maio de 2001, tornando a data também conhecida como Dia da Toalha, referência ao livro “O Guia do Mochileiro das Galáxias”, em que ensina todo viajante especial a levar sempre uma toalha. Também foi em maio, mas de 1939, que a revista Detective Comics publicou o Batman pela primeira vez, marcando seu ‘nascimento’.

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Mestre Jedi Yoda, personagem de Star Wars

Os geeks têm ganhado cada vez mais espaço e a procura por conteúdo de cultura pop nunca foi tão grande. A faixa etária desse público está entre 18 e 34 anos, e 85% são homens. Entre eles, 64% têm renda familiar entre 2 e 10 salários mínimos e 91% fazem compras online. Os dados são de uma pesquisa recente realizada pelo Omelete em parceria com o Ibope Conecta, chamada “Geek Power”, onde o consumo do público nerd e geek foi mapeado pela quarta vez.

Para esse público, o smartphone (60%) é o meio mais usado para navegar na internet. Além disso, 37% usam a internet para se divertir; 19% para trabalhar; e 18% para se informar com notícias. Entre as redes sociais mais usadas estão WhatsApp (58,5%), Facebook (19%) e YouTube (15%).

O conteúdo relacionado a esse universo é instantaneamente devorado por seus fãs. Atualmente, explica Marcelo Forlani, sócio-fundador do Omelete Group e da Comic Con Experience (CCXP) no Brasil, não é possível ficar preso a apenas uma mídia. A integração de site, YouTube e redes sociais impulsionam as audiências para diferentes públicos. Há alguns anos no mercado, ele fala sobre semelhanças e diferenças entre os geeks brasileiros e estrangeiros.

“O geek brasileiro tem muitas semelhanças com o de outros países, pois todos acabamos ‘bebendo da mesma fonte’, que são os blockbusters de Hollywood e os mangás e animes, que vêm do Japão. O que nos diferencia em relação aos demais é a forma como mostramos nossa paixão, principalmente em eventos. Todos os atores que passam pela CCXP sentem este carinho extra e saem do nosso país apaixonados, querendo voltar”, explica Forlani.

O YouTube, segundo Forlani, é o motor mais utilizado pela nova geração, ficando à frente do próprio Google. “Isso já mostra que há uma mudança de paradigma e à qual temos que nos adaptar. Precisamos criar conteúdo que seja bom para o nosso público atual, mas que também tenha o seu apelo para esta geração que está chegando agora e está cheia de fome de conhecimento”.

A Amazon.com.br divulgou uma lista com as dez cidades mais nerds do Brasil em 2017. O ranking é determinado pela junção dos dados de vendas de livros, graphic novels e histórias em quadrinhos das cidades com mais de 100 mil habitantes. Em primeiro lugar está Florianópolis (SC), seguida por Niterói (RJ), São Caetano do Sul (SP), Santos (SP), Porto Alegre (RS), São Carlos (SP), Curitiba (PR), São Paulo (SP), Campinas (SP) e Vitória (ES).

A iFruit elencou os cinco canais mais nerds do Youtube, são eles: Nostalgia, Coisa de Nerd, Cauê Moura, Casal de Nerd, Jovem Nerd. 

Produtos Licenciados

Segundo a pesquisa do Omelete, entre os heróis favoritos estão Batman (28%), Homem-Aranha (17%), Homem de Ferro (6,5%), Superman (5,5%) e Harry Potter (5%). Entre os gêneros de filmes preferidos estão Ficção Científica (27%), Ação (18%) e Aventura (13%).

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Batman é o herói favorito de 28% dos geeks

E a paixão pelos personagens e franquias movimenta um mercado importante de produtos colecionáveis e licenciados. A Iron Studios, por exemplo se dedica a desenvolver e produzir figuras altamente detalhadas e foi a primeira empresa brasileira com produtos oficiais 100% direcionados a colecionadores de franquias famosas como Marvel, DC Comics, Star Wars e Disney.

Renan Pizii, CEO da Iron Studios e sócio da CCXP, a qualidade dos produtos para esse mercado é vital para o sucesso do negócio. Os geeks exigem fidelidade dos detalhes, que devem ser iguais aos encontrados nos filmes e quadrinhos. “Hoje em dia, tudo está muito atrelado ao storytelling, e o licenciamento traz isso com muita propriedade. Isso serve para quem está entrando em qualquer tipo de mercado e tem oportunidade de usar o licenciamento como forma de trazer mais valor ao seu produto”.

Loja de e-commerce, a Mundo Geek surgiu em 2012 e vende produtos oficiais das maiores franquias do cinema, TV, quadrinhos e games. Para variar o negócio e se diferenciar da concorrência acirrada da internet, eles encontraram outras fontes de receita.

 

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Matheus Machado é CEO da loja Mundo Geek

Matheus Machado, CEO da Loja Mundo Geek, dá alguns exemplos. “Hoje temos sociedade no clube de assinatura Omelete Box, criamos uma plataforma para comercializar ingressos e credenciar todos os participantes da CCXP, além de ter o site e as lojas físicas nos eventos”.

De olho nesse mercado, Felipe Rossetti fundou a Piticas, marca de camisetas especializadas em estampas da Cultura Pop. Ele ressalta que o Brasil está enxergando, cada vez mais, a necessidade de se afastar da pirataria. E, apesar dela ainda existir, há uma luta contra varejistas que não adotam a forma correta de fazer negócios no mercado geek.

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Felipe Rossetti é sócio-fundador da Piticas

“Acreditamos que, para ser visto como uma potência mundial pelas licenciadoras, precisamos mostrar que vale a pena ser licenciado. O licenciamento traz inúmeros benefícios, as licenciadoras fornecem um guide de artes incrível para cada franquia obtida, respaldo de marketing integral, oportunidade de publicidade em redes oficiais, entre outros benefícios que só licenciados têm”, explica Rossetti.

Quadrinhos

As histórias em quadrinhos são prioridade para 75% dos entrevistados na pesquisa Geek Power. O ‘bom e velho’ papel é preferência de 55% deles. No entanto, 25% já migraram para o computador e 12% para o mobile. Foi apostando nessa migração do consumo para o digital que a Social Comics, streaming de quadrinhos, surgiu.

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Inicialmente, a ideia era criar um espaço para que os artistas independentes do Brasil pudessem se conectar. No entanto, João Paulo Sette, fundador e CEO, percebeu uma deficiência na distribuição de conteúdo no mercado, além do alto custo disso. “Nosso negócio é baseado em parcerias e quase todas as principais editoras nacional estão com seus títulos disponíveis na plataforma. Além disso, somos licenciados diretos da Valiant, Turma da Mônica, entre outros”.

O mercado de quadrinhos no Brasil tem forte tradição, explica Ivan Costa, sócio-fundador da Chiaroscuro Studios e da CCXP, agenciadora de talentos para os mercados de quadrinhos e de ilustração. Nhô Quim, criada no Brasil e publicada em janeiro de 1869, é considerada uma das mais antigas HQs do mundo. A Turma da Mônica também é um bom exemplo, pois é veiculação há mais de 50 anos.

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As aventuras de Nhô-Quim

“Além disso, geração após geração os brasileiros cresceram lendo quadrinhos da DC Comics e Marvel Comics, que são publicadas no país desde a década de 40. Isso soma-se a natural vocação do brasileiro para as artes gráficas e temos um enorme contingente de ilustradores que desejam trabalhar no mercado de quadrinhos”, explica Costa.

Dicas para o mercado 

Forlani diz que é preciso entender o público, ouvir o que eles têm a dizer, mas também acreditar no seu feeling e na sua forma de trabalhar. “É este equilíbrio que vai trazer o público sem deixar cair o nível do seu conteúdo. Na CCXP temos um pacote chamado “Unlock”, que dá direito a palestras sobre o mercado geek. Ali, nós estamos trabalhando para fazer com que o mercado cresça e fique cada vez mais maduro”. 

Costa afirma que o geek é um fã dedicado e, acima de tudo, um especialista. “Ele reconhece à distância se algo é legítimo, identifica rapidamente se o tom usado é ou não correto, se a associação de personagem X ao produto Y faz ou não sentido. Empresas e empreendedores que pretendem entrar nesse mercado devem contar com a assessoria de alguém que conhece esse universo a fundo”. 

Pizzi diz: “encontrar uma fatia ou nicho de mercado que ainda não exista e trabalhar em cima do produto para que ele tenha muita qualidade e credibilidade como marca prerante o consumidor/fã é uma boa estratégia”.