Mercado de grandes premiações

Pela própria natureza dos brasileiros, que notabilizou o cineasta Franco Zeffirelli (falecido em junho deste ano), ao nos distinguir com a frase que correu o mundo e consta da sua biografia, “O Brasil é o último país feliz do mundo”, gostamos, prestigiamos e aplaudimos as mais importantes premiações do nosso marketing, propaganda aqui inclusa e com destaque.

E é esta a época dessas premiações, que valem muito para os premiados, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas, porque o prêmio é sempre uma benção, um reconhecimento ao talento que justificou a escolha, valorizando seus autores algumas vezes de forma definitiva.

Nos últimos dias, após o PROPMARK divulgar os resultados da consagrada premiação “Veículos de Comunicação”, que atingiu o seu 33º ano de vida com a versão deste ano, percebemos uma vez mais o quão importante é merecer e receber um reconhecimento dessa natureza.

A Jovem Pan, uma das principais vencedoras desse prêmio desde a sua instituição, tendo sido nesta versão consagrada em duas categorias (Fato do Ano e Rádio Nacional), comemorou interna e externamente a importante outorga ouvindo, gravando e reproduzindo elogiáveis podcasts sobre a sua trajetória cada vez mais vitoriosa.

Muitos outros prêmios estão sendo divulgados nesta época e até em regiões de mercados publicitários menores deste imenso país, que habituou-se a selecionar e premiar os trabalhos mais comentados que apresentaram resultados acima da expectativa para os seus responsáveis.

Através dessa quantidade razoável de boas premiações no marketing brasileiro, preparamo-nos para enfrentar logo mais (faltam apenas seis meses, que passarão muito depressa para quem não para de produzir) o concorrido Cannes Lions, que em 2020 terá várias mudanças, algumas delas já anunciadas, além de outras que ainda estão sendo estudadas, em busca, segundo seus organizadores, de produzir uma versão desse concorrido e fantástico festival que possa definitivamente se colocar à frente do mundo da inovação.

O PROPMARK goza da primazia de ter sido o primeiro veículo especializado brasileiro a cobrir Cannes, há quase meio século (1971), quando o evento transcorria um ano em Cannes e o seguinte em Veneza.

As terríveis greves nacionais italianas na época do verão europeu, que sempre atraiu e prosseguirá atraindo milhões de turistas de todas as partes do mundo à península, acabaram por prejudicar a logística da sede do evento em Veneza, fazendo bem seus então responsáveis em instalá-lo definitiva e exclusivamente em Cannes.

Como foi acima dito, este ano o foco é inovação. Se os leitores se encantam com esse vocábulo e o seu significado, fio condutor da própria criação, preparem-se os que ainda não puderam ou não acordaram para o fato de que estamos mais próximos do que imaginamos ou até sentimos de mais uma versão dessa universidade criativa em que se transformou o Cannes Lions.


O PROPMARK faz um apelo ao governo federal para que desista de qualificar a publicidade como coisa do demônio. Se no passado recente ela foi mal utilizada e serviu a interesses escusos de dirigentes de estatais, que se locupletaram (alguns) através de retornos de parte dos investimentos inicialmente aprovados, como em um jogo nada recomendável de toma lá e dê cá, acreditamos que não só pelas punições havidas aos infratores, como também à troca de nomes devido à mudança de governo, essa prática maléfica dificilmente se repetirá, pelo menos no curto prazo.

Deixar de fazer publicidade devido ao temor de esquemas é até mais grave do que não combater com rigor os tais esquemas, quando revelados e provados.

Não se acaba com o homicídio banindo as pessoas do planeta. As regras de compliance estão aí para serem adotadas, sem se falar no maior cuidado possível na escolha dos responsáveis pela distribuição dessas verbas.

O que não podemos admitir é que, para evitar uma eventual imoralidade, seja punida toda uma atividade que tem ajudado o país a se desenvolver como todos reconhecemos.

Agora, se a diminuição brutal da propaganda de governo tem outras causas, como por exemplo deixar de prestigiar certos meios de pensamento político contrário ao do atual governo, aí realmente é incompreensível e até abominável.

Os grandes governos do planeta não abrem mão do ferramental publicitário, porque conhecem o valor da propaganda. E impõem sem dúvida regras duras de controle para se evitar não só desperdício, como desvios fraudulentos.

Ao diminuir a sua atividade publicitária, o atual governo está se diminuindo e talvez resida aqui um crescimento da resistência à sua atuação, muito menos por ideologia e muito mais por falta de informação.

A propaganda não pode ser e não é uma ferramenta do mal. Basta que se estude só um pouco o que representa esse universo no Brasil, a quantidade de agências que temos, a empregabilidade cada vez mais crescente, os meios que se equiparam aos países mais avançados do planeta, as escolas de comunicação de primeira linha, como a pioneira ESPM, que não para de produzir e aperfeiçoar talentos, além de proporcionar aos graduados o estudo de formas mais atualizadas de comunicação social.

O Brasil está situado entre a elite da propaganda mundial e isso não é uma afirmação gratuita, tirada da cartola de algum ilusionista. Para se convencer disso, basta ver a sempre vitoriosa participação brasileira nos festivais do setor nos mais importantes países dos cinco continentes, Além disso, importante ver também o interesse das grandes multinacionais do setor da comunicação publicitária em se instalar entre nós e a paixão que a nossa publicidade desperta, de um lado nos jovens que pretendem praticá-la profissionalmente, e de outro lado nos presidentes das grandes corporações aqui instaladas, que não escondem o seu reconhecimento pela contribuição da propaganda no sucesso das suas companhias.

Armando Ferrentini é diretor-presidente e publisher do PROPMARK (aferrentini@editorareferencia.com.br)