Mercado debate evolução do Blockchain e seu impacto nos negócios

Marçal Neto/Divulgação

Painel: “Como o blockchain vai mudar a forma de as empresas se conectar e fazer negócios”

De tudo que está sendo desenvolvido e debatido no mundo dos negócios ou na sociedade, de maneira geral, pouca coisa promete ser tão relevante e transformadora para o futuro como o blockchain. Para disseminar informação, aproximar profissionais de todas as áreas e discutir as principais tendências sobre o tema, acontece nesta quarta-feira (23) em São Paulo (SP) o Blockchain Festival. O evento é realizado pela TW Content, empresa recém-criada por profissionais da área de comunicação que atuaram em alguns veículos brasileiros. No total, mais de 30 especialistas compartilham conhecimento, cases e visões sobre este novo mercado no encontro apresentado pelo jornalista Pedro Doria.

O que é blockchain?

A abertura do evento coube a Ronaldo Lemos, um dos maiores especialistas brasileiros no assunto, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro e professor de blockchain na Columbia University. Relembrar o que de fato é blockchain foi o primeiro passo, já que o tema ainda não é dos mais compreendidos em sua totalidade. “Ao invés de um sistema centralizado, como o dos governos, ou descentralizado, como no caso do sistema financeiro global, é um modelo digital compartilhado como um banco de dados, distribuído, capaz de produzir consenso e assegurar a integridade e unicidade das informações que nele são inseridas”, explicou. 

Divulgação/ Marçal Neto

Ronaldo Lemos: um dos maiores especialistas sobre Blockchain no Brasil

Muito mais que um meio para transacionar as moedas digitais, como os bitcoins, por exemplo, Lemos também lembrou que a grande contribuição do blockchain para a inovação no mundo é a capacidade de “poder trabalhar com um sistema de autenticação distribuída que pode entrar onde não existe confiança em uma autoridade central e que seja incapaz de prever segurança”.

Em uma linguagem menos formal, o blockchain é um grande banco de dados público, onde podem ser registrados vários tipos de informação. Futuramente, por exemplo, será possível fazer contratos de imóveis, ou coisas do tipo, dentro do sistema.

Quando se analisa o estágio de maturidade e cultura do mundo no assunto, Lemos utiliza uma metáfora. “É como se fosse uma nova internet, mas ninguém inventou a web da blockchain. O back office está sendo construindo, mas eu vejo pouca gente investindo no front end”, acredita.

Amadurecimento do modelo

Um dos painéis do evento abordou o tema “Como o blockchain vai mudar a forma de as empresas se conectar e fazer negócios”. O debate contou com Luca Cavalcanti (Bradesco), Safiri Felix (ConsenSys), Carl Amorim (Blockchain Research Institute), Keiji Sakai (Consórcio R3), José Maria Leocádio (SERPRO) e foi mediado por Katia Militello (TW Content). “No Bradesco, contamos com um departamento de inovação e dentro dele um departamento específico para desenvolver blockchain, com profissionais de alta profundidade e capacidade técnica. É uma área que dissemina conhecimento para todas os setores do banco”, contou Cavalcanti.

Keiji Sakai, do Consórcio 3, explicou como sua empresa estuda o blockchain desde 2015 e de que maneira está desenvolvendo uma plataforma própria, já está em teste em algumas empresas. “O mercado financeiro, de seguros e as áreas de supply chain são as que estão um pouco mais desenvolvidas no assunto neste momento”, avalia.

Safiri Felix, da ConsenSys, acha que o entrave para o avanço do segmento é mais político e regulatório do que tecnologia e capital humano. Mas, para ele, há um fator muito forte para que a evolução aconteça. “Temos que fazer um corte geracional de tudo isso. As pessoas de hoje não acreditam mais nas instituições. E essas instituições já não servem mais como elo de confiança. Agora é possível construir um projeto de código aberto com qualquer um podendo certificar a inovação”, acredita. Para José Maria Leocádio, da Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), como em outras esferas, a tecnologia vem rápido e a legislação vem depois.

De acordo com Carl Amorim, do Blockchin Research Institute, para se beneficiarem do modelo e continuarem competitivas, as empresas terão que se reinventar. “É darwiniano. O melhor modelo e o menor custo é que vai prevalecer. Vamos ver coisas que vão aparecer e desaparecer. Mas teremos certamente que começar a fazer as coisas com outra visão. E essa inovação tem que estar em todos os departamentos das empresas, incluindo o marketing”, afirma.

Mercado de comunicação

Questionado sobre de que maneira o blockchain poderia impactar o mercado de comunicação, por exemplo, Amorim lembrou como as pessoas estão mais exigentes em rastrear as informações e conferir se o storytelling das marcas tem ou não conexão com a realidade. Autenticar esses processos por meio de blockchain, neste contexto, pode ser então um meio de utilizar esse tráfego de dados para reafirmar a consistência do que está sendo comunicado.