Mercado reflete efeitos da ‘juniorização’ e importância do equilíbrio geracional
Movimento marcado pela presença crescente de profissionais jovens nas equipes das agências levanta debates sobre custos e inovação
A expressão ‘juniorização’ ganha espaço no vocabulário do mercado publicitário sempre que se discute a composição das equipes nas agências. O termo é usado para se referir à presença crescente de profissionais em início de carreira, ou seja, com menos experiência, nas equipes das agências. Muitas vezes, o termo é acompanhado de preocupação, como um sinônimo de perda de qualidade ou excesso de improviso - levantando questionamentos sobre impactos na qualidade das entregas, estruturação de times e formação de talentos.
Na prática, no entanto, esse movimento tem diferentes interpretações. Olhando para esse cenário, o propmark decidiu investigar. Para algumas lideranças, a escolha por perfis mais jovens é uma resposta à transformação digital e às novas dinâmicas do setor. Para outras, trata-se de uma consequência da pressão por custos mais baixos. Há ainda quem destaque que o maior desafio está no desequilíbrio entre juventude e experiência (e não na presença de profissionais juniores em si).
“A leitura de que as agências estão ‘só com juniores’ é equivocada”, afirma Gláucia Montanha, CEO da Artplan. “O que muda é a natureza do trabalho: operações ágeis e digitais exigem perfis diferentes, mas a expertise sênior segue sendo o alicerce. O equilíbrio está em combinar a ousadia dos jovens talentos com a experiência de quem já vivenciou ciclos de mudança, criando um ecossistema que valoriza tanto a inovação quanto a solidez”. Para ela, o que diferencia um talento não é a idade, e sim sua capacidade de aprender, aplicar conhecimento e desenvolver soft skills, como resiliência e visão crítica. “É isso que transforma equipes em motores de crescimento, não apenas para as agências, mas para o mercado como um todo.”
Na MField, o cenário é assumido com clareza. Cerca de 80% da equipe tem menos de 30 anos. Para o CEO e cofundador Flávio Santos, trata-se de uma escolha deliberada. “Acreditamos que, num mercado em constante transformação, formado por nativos digitais e dinâmicas de creator economy, a presença de profissionais mais jovens pode ser um diferencial competitivo real”. E Santos enfatiza que a questão central não é a idade, e sim como as empresas estruturam a cultura, os processos e o aprendizado dentro das equipes.
Do ponto de vista das lideranças de recursos humanos, o avanço dos profissionais juniores também está ligado a dinâmicas de mercado. “Vejo mais como uma consequência do contexto do que como uma decisão estratégica”, diz Cristiano Silva, gerente sênior de recursos humanos da WMcCann. Ele reforça a necessidade de compor equipes diversas. “O melhor cenário é equilibrar times mais jovens com lideranças experientes, garantindo troca e aprendizado constante.”
Leia a matéria na íntegra na edição do propmark de 7 de julho de 2025