Mercado se torna protagonista na formação de jovens talentos

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Projeto Entre, da Publicis, capacita e desenvolve jovens criativas com foco em questões de gênero e representatividade social e racial

A FCB Brasil lançou, na última semana, o programa de estágio FCBrains, em parceria com a consultoria de RH MatchBox. Focado nas novas gerações ultratecnológicas, o projeto prevê etapas online, como contato por chatbox, gamifications (técnica que utiliza jogos para estimular a resolução de problemas ou alcance de objetivos), live interativa e vídeo apresentação.

Já os critérios de seleção levarão em conta a diversidade e o cuidado de construir um perfil heterogêneo entre os 20 candidatos que serão contratados. “Não vamos privilegiar as instituições com as quais o mercado normalmente se relaciona. Nossa divulgação está em todas as faculdades, inclusive aquelas que costumeiramente não estão no foco das agências de publicidade, mas que têm um público muito interessante para a gente”, conta Sandra Denes, VP de RH da agência.

Quem recentemente também buscou parceria com instituição de ensino fora do padrão historicamente adotado pelo mercado foi a Grey. No fim de 2018, a agência anunciou programa e contratou seis estudantes da Faculdade Zumbi dos Palmares (UniPalmares), que tem como um de seus objetivos diminuir a desigualdade entre negros e brancos no ensino superior.

Para Elise Passamani, VP de operações da agência, a experiência vem sendo enriquecedora e a parceria foi pensada para ser realizada de forma perene, podendo levar a agência a renovar ou efetivar os estagiários já vinculados ao programa ou à contratação de novos jovens profissionais. “A integração dos estagiários nos move, nos transforma e nos faz melhores todos os dias, exige disciplina e dedicação. E é exatamente este olhar coletivo que mais nos enche de orgulho e nos faz acreditar que nosso projeto nasceu para dar certo”, reforça.

Elise Passamani: “A integração dos estagiários nos move”

Por sua vez, a Publicis deve promover no ano de 2019 a segunda edição do projeto Entre, que prevê a capacitação e o desenvolvimento de jovens criativas com foco em questões de gênero e representatividade social e racial. Encabeçado pelo CCO da agência, Domênico Massareto, o piloto do programa foi realizado no último ano com aulas ministradas pelo próprio Domênico e por diretoras de criação da agência, como Marie Julie Gerbauld, Elisa Gorgatti e Juliana Patera. “O Entre é um projeto sério de educação, voltado especificamente para a área de criação, que tem como objetivo ajudar toda uma nova geração de talentos, neste caso especificamente de mulheres, a chegar ao mercado de trabalho mais preparada e autoconfiante”, comenta o CCO. O projeto teve apoio da ONU Mulheres e do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade (CEERT). Cinco das participantes da primeira edição foram contratadas pela agência como estagiárias ao final da primeira edição do projeto.

A Publicis possui ainda outros programas voltados a novos talentos: no Leão Universitário, a agência abre as suas portas aos estudantes. Já no Publicis Day, profissionais vão até universidades para falar sobre as etapas da produção publicitária.

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Thaísa Veras, da Ogilvy Brasil, vê melhores resultados na atuação de uma equipe distinta

Foco na diversidade
A geração Z (nascidos entre 1995 e 2010), que está ingressando agora no mercado de trabalho, é formada por indivíduos que são nativos digitais, ansiosos e engajados com questões sociais. De acordo com pesquisa das consultorias Box 1824 e McKinsey, ao contrário da geração anterior (os Millennials), que é desapegada com posses e interessada em vivenciar experiências, esses jovens não têm problemas em gostarem de marcas ou fazerem carreira, desde que os produtos e empresas estejam de acordo com sua visão de mundo.

Dessa forma, é possível observar que as iniciativas promovidas pelas agências adaptam desde já os ambientes de trabalho à realidade dos futuros profissionais.
“Toda a nossa cultura também é uma grande iniciativa para reter os jovens talentos”, comenta Sandra Denes. “Somos flexíveis em relação aos perfis de cada um para atuar com determinados clientes e abertos para movimentações laterais dentro da empresa. Hoje, a FCB Brasil já é formada 50% por homens e 50% por mulheres. Estamos bem confortáveis com as questões de gênero e caminhando em relação a outros pontos da diversidade, quando falamos de forma ampla”, detalha a VP.

Na Ogilvy, profissionais de variadas experiências e áreas da agência formam o Somos, um comitê de diversidade e inclusão. O grupo trabalha com foco em educação para o público interno por meio de palestras, campanhas e eventos para integrar pessoas e levar informação “Ainda não chegamos no cenário ideal, mas posso afirmar que temos trabalhado muito para isso. É nítida a mudança do material que ‘vai para a rua’, quando temos um público mais plural”, assegura Thaísa Veras, diretora de recursos humanos do Grupo Ogilvy Brasil.

Para a DPZ&T, o compromisso com a diversidade já é um dos seis valores que norteiam a agência, contando com a participação de todos os níveis de profissionais e envolvimento da liderança. “Temos uma plataforma interna, o DPZ&T +, cujo objetivo principal consiste em garantir um ambiente de trabalho livre de preconceito e discriminação. Entre as ações internas promovidas está a distribuição de uma cartilha explicativa sobre as questões de assédio moral e sexual, livros relacionados ao empoderamento feminino, workshops e palestras. Estamos aumentando a participação das mulheres em cargos de gestão por meio de uma política de metas de diversidade de inclusão e apoiados nos Princípios de Empoderamento Feminino da ONU Mulheres e do Pacto Global das Nações, do qual a DPZ&T é signatária desde o início de 2018. Para este ano, possuímos uma meta mais agressiva, especialmente no que diz respeito à inclusão racial na agência”, revela Patrícia Capuchinho, diretora de comunicação e relações institucionais.

 

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Patrícia Capuchinho: “Estamos aumentando a participação das mulheres em cargos de gestão por meio de uma política de metas de diversidade de inclusão”

Marcas
Grandes empresas também estão se movimentando para recrutar as novas gerações. A PepsiCo vem convidando recém-formados e universitários da América Latina, Estados Unidos, Europa, Ásia e África para seu desafio global Dare to do More, no qual os competidores poderão criar novos produtos ou adaptar o portfólio já existente da companhia.

O processo inclui ainda mentoria com os líderes da PepsiCo. O vencedor de cada país vai para Nova York apresentar a ideia e a estratégia de como ela seria lançada no mercado. A companhia explica que o grande prêmio do programa é a vivência, a proximidade com os profissionais da multinacional e a possibilidade de ter sua ideia executada, mas que não há garantias de contratação. “O Dare to do More é uma experiência que estamos oferecendo aos jovens no começo de carreira para que tragam suas ideias sobre o que eles acreditam ser a tendência da indústria de alimentos e bebidas. É uma oportunidade de entender como o consumidor moderno pensa e ter um novo olhar. A iniciativa estimula o empreendedorismo dos participantes, que poderão criar os próprios produtos e mostrar como colocá-los no mercado”, diz a empresa.

O Grupo Heineken também acaba de anunciar mais uma edição de seu Programa Internacional de Jovens Talentos, que oferece experiência global para desenvolver futuros líderes durante 36 meses. O processo seleciona os cinco melhores talentos no mundo todo para as áreas de marketing e vendas, finanças, recursos humanos, supply chain e procurement e oferece vivência em diversos países nos três anos do programa, além de um pacote de benefícios internacional. Os participantes deverão ser graduados com até 2 anos de experiência profissional.

Entre outras, Lojas Americanas, Ambev e Nestlé também contam atualmente com programas de estágio em aberto.

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Para Sandra Denes, VP de RH da FCB, agências podem ser flexíveis com jovens talentos