A Abep (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa) promove, esta semana em São Paulo, o 6º Congresso Brasileiro de Pesquisa. Durante dois dias, o evento discutirá métodos e soluções para o cenário atual, onde as atitudes do consumidor são cada vez mais difíceis de prever. Para abrir o encontro, os organizadores convidaram o sueco Magnus Lindkvist, futurólogo e especialista em tendências, que, em sua apresentação, destacou a importância de identificar os sinais que antecipam as tendências.

“De maneira errônea, é comum associar de imediato o termo ‘tendência’ à moda ou à mudança rápida. Tendência, no entanto, é algo que se desenvolve lentamente”, declarou Lindkvist. Economista e autor de três livros, ele citou a Nokia, fundada no século 19, ainda uma fábrica de papel. “É uma empresa que circulou entre diferentes áreas, identificou potencial, investiu e, dos anos 80 ao começo dos 2000, obteve sucesso. A Nokia, no entanto, partiu como quem não tinha nada a perder e tornou-se alguém que tem tudo a perder. Ainda assim, pelos bons resultados dessas duas décadas, acomodou-se. E o comodismo, hoje, é mortal”.

O sueco dividiu as tendências entre horizontais (homogêneas, que atingem muitas pessoas em muitos lugares) e verticais (que partem do princípio de que o impossível pode se converter em realidade). Segundo ele, no segundo tipo se concentram as ideias impactantes. “Ninguém conseguiu prever o ‘Gangnam Style’, ou a penicilina. O Viagra resultou de sintomas provocados por um remédio cujo objetivo era tratar problemas cardíacos. São coisas que acontecem quando você tenta ser criativo. E, se quisermos um futuro melhor para nossas crianças, alguém precisa ser criativo agora. É preciso aceitar que o futuro é imprevisível e que podemos errar”.

Para o especialista, apesar da velocidade com que acontecem as mudanças atualmente, paciência é a chave. “Sobretudo nas grandes empresas, há muita resistência ao novo a ser quebrada. Não importa o cargo, entre os funcionários é comum o receio às mudanças. De hoje para frente, pensem no longo prazo. Experimentem, reciclem. Um bom sinal é quando alguém diz: ‘Não gostei’. Quando todo mundo gosta, é porque aquilo já foi feito”, finalizou.

O 6º Congresso continuou com a participação de Marilyn Raymond, diretora global de marketing opportunities and innovation da GfK, que apresentou o passo a passo para inovações estratégicas de sucesso: capturar a mudança, ou seja, estar atento ao que acontece no mundo; entregar experiência emocional; acompanhar o que dizem sobre sua marca ou empresa; conhecer os caminhos tradicionais da transmissão de mensagens; mapear o mercado, para entender sua evolução; e valorizar as conexões e o timing, aproveitando melhor as oportunidades.

Ainda em torno dos temas design, consumo e inovação, o evento reuniu Fabio Gandour, cientista-chefe do laboratório de pesquisa da IBM Brasil, Lauren Demar, CEO global da Ipsos, e Luiz Sá Lucas, do Ibope Inteligência. O encontro, que se repete nesta terça-feira (25), também discutirá perspectivas da economia brasileira, eleições e o impacto das manifestações de junho do ano passado na opinião pública.