Graças à intervenção do Paulo Guedes, que fala sério quando se refere à reforma da Previdência, uma campanha criada e produzida internamente pela Secom foi vetada, quando apresentada ao ministro, por amadora. Chamaram, então, uma agência de publicidade para resolver o desafio de buscar a simpatia da opinião pública para com a reforma. Mas repito: isso só aconteceu porque um sujeito dotado de alguma lucidez interveio. Estivesse o assunto nas mãos de uma Damares da vida, por exemplo, a porcaria teria ido ao ar sem maiores problemas.

Quando a turminha da Embratur resolve criar dentro de casa uma nova “marca” e um novo “conceito” para a empresa, na verdade não está inventando moda. Apenas cumpre o padrão de comunicação adotado pelo novo governo: zero de bom gosto e zero de inteligência.

Na concepção de Bolsonaro e de seu “ideário”, a publicidade de qualidade não tem nada a contribuir para a melhoria da imagem do Brasil e dos brasileiros. Pelo contrário, faz questão de que o baixo nível dê o tom da comunicação, projetando a ideia de que somos um país de toscos e ignorantes.

Enquanto governos conscientes das limitações de seus países para produzir campanhas de qualidade contratam agências internacionais para se vender ao mundo, o governo brasileiro faz questão de dispensar a notória qualificação das suas e saúda o amadorismo como prática. O curioso é que essa turma está apenas piorando algumas iniciativas do PT, notórias, principalmente sob o governo Lula, quando as campanhas governamentais assumiram um estilo bem mais popularesco. Se nos governos petistas havia, digamos, uma intenção populista nos conceitos, agora a coisa piora um pouco, pois se trata, aparentemente, da tentativa de Bolsonaro de retribuir àqueles que o elegeram, se comunicando do modo em que acredita ser o do gosto de seu eleitorado.

Tivesse votado nele, ficaria bastante incomodado por estar sendo confundido com essa pobreza cultural e estética. Acredito que por mais que o objetivo tenha sido tirar o poder do petismo, do lulismo, do comunismo, do estrabismo ou do aeromodelismo, eleitores civilizados certamente não supunham que eleger Bolsonaro se tornasse tão vexatório.

Os fatos, porém, estão aí a comprovar o preço pago. A nova comunicação da Embratur vem apenas fazer companhia às lives tipo organizações Tabajara semanais do presidente e aos tuítes de português capenga da família.

Ou mesmo às invencionices atentatórias a qualquer teoria de naming, como o tal “Future-se”, nome inventado para o lançamento do plano para a educação por outra figura exótica desse governo, Abraham Weintraub (quem não lembra do patético vídeo do guarda-chuva?).

É doloroso pensar que, por pelo menos mais três anos e meio, veremos a comunicação institucional do Brasil se apresentando de um jeito tão desqualificado, coisa que não ocorreu nem na ditadura. Pelo contrário, a ditadura prestigiava a publicidade de qualidade. Pena que Bolsonaro tenha preferido, com relação à época, aprovar apenas as torturas do Ustra.

Stalimir Vieira é diretor da Base Marketing (stalimircom@gmail.com)