No momento em que escrevo este artigo ainda não temos o resultado da votação da Reforma da Previdência. Mas as perspectivas são otimistas e, só se acontecer uma reviravolta improvável, ela não passa. Isso é muito bom para o mercado.

Embora a reforma, em si, não seja suficiente para dar uma virada, já que seus benefícios só serão sentidos no longo prazo, ela é capaz de mudar o humor do mercado e, principalmente, tirar da frente a desculpa preferida dos empresários para justificar a falta de investimento.

E teve também a boa conclusão do tratado do Mercosul com a União Europeia, trazendo melhores perspectivas para exportadores brasileiros. Cansados de tanta manchete negativa gerada pelas atitudes erráticas do planalto, temos finalmente um cenário um pouco mais positivo. Ainda não dá para soltar fogos, mas dá para prever um início de uma agenda mais positiva na macroeconomia.

Depois de estancar a sangria da Previdência, o governo promete liberar mais dinheiro no mercado, reduzindo o depósito compulsório dos bancos. Há também estudos interessantes de se baratear bastante o preço do gás, tirando da Petrobrás o monopólio, gerando um choque de energia barata.

A inflação dá mostras de se manter comportada, permitindo baixas sucessivas da taxa de juros. E temos até o nosso futebol conquistando mais um troféu de respeito: a Copa América, que também foi muito bem organizada por aqui. Tudo isso pode ajudar a melhorar o humor.

E é o que o mercado realmente precisa. Ainda não temos todas as informações referentes à pesquisa de Visão de Ambiente de Negócios da Agência de Propaganda, a VanPro, da Fenapro, mas já dá para se prever uma queda significativa de otimismo para o segundo semestre e o ano de 2019.

Os primeiros resultados, referentes ao 2º trimestre do ano, nos dez principais mercados do Brasil, mostram que até houve uma performance ligeiramente melhor no primeiro semestre. Para o segundo semestre, porém, o número de otimistas caiu de 59% para 45,1%, com relação à expectativa de melhora no próximo trimestre, e de 70% para 44,4%, com relação ao ano, como um todo. Como sabemos, a propaganda é um dos setores mais sensíveis aos humores do mercado.

Se não há uma perspectiva mais otimista, as verbas minguam mesmo. Mas os resultados observados agora ainda não refletem a perspectiva de aprovação da Reforma da Previdência, agora dada como certa. Daí nossa esperança por um segundo semestre melhor.

Depois de seis meses claudicantes de um governo federal inexperiente, parece que a ficha vem caindo, ficando clara a necessidade de uma comunicação mais assertiva, menos simplista do que aquela que os líderes governamentais imaginavam, jogando todas as fichas nas redes sociais.

As agências mais dependentes da administração pública, seja federal, estadual e municipal, estão com os dedos cruzados. E o setor público, historicamente, é bastante importante para o aquecimento do mercado, também na propaganda. Não à toa, a pesquisa VanPro mostra que é do setor público que deverá vir o maior crescimento do mercado no próximo trimestre.

Na tomada anterior, previa-se que tal crescimento viria do setor de serviços, seguido do comércio. Mas não é só do governo que dependemos. É a atitude de cada elo da cadeia do ecossistema da comunicação e marketing que pode fazer a diferença.

Se acreditarmos – todos – em dias melhores, as empresas destravam os seus investimentos, gerando um positivo efeito dominó no mercado, perpassando as agências, os veículos e as demais ferramentas de suporte do setor. Vi um dado da instituição que controla a emissão de códigos de barra, usados em novos produtos, atestando crescimento de mais de 13%.

Esse pode ser mais um sinal positivo.Mais códigos de barra emitidos significam mais produtos sendo preparados para lançamento. E aí pode começar o efeito dominó tão esperado. Será que agora vai?

Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro (Federação Nacional das Agências de Propaganda) (alexis@fenapro.org.br)