O presidente Michel Temer surpreendeu boa parte da população brasileira, anunciando no seu pronunciamento da última quinta-feira (18) à tarde, em cadeia nacional, que não iria renunciar.

Chegamos a acreditar que a renúncia ocorreria e que inclusive seria bom para o Brasil, quem sabe iniciando uma pacificação no racha consolidado nos últimos tempos em todo o país, conhecido como “nós” e “eles”.

Tínhamos as nossas dúvidas sobre a lisura da gravação. Não por ter sido clandestina, como Temer afirmou, porque isso, a nosso ver, não tiraria a gravidade do conteúdo nela contido, com destaque para o “ótimo” do presidente, quando o rei do gado afirma ter em mãos dois juízes e um procurador da República. Temer deveria ter-lhe dado voz de prisão.

Mas, causou estranheza o tempo transcorrido entre o momento em que a gravação foi feita e a sua divulgação, considerando-se ainda e a nosso ver, para manchar a validade da mesma, a divulgação não oficialmente autorizada e sem revelar naquele momento, todo o contexto em que teria se dado a conversa de Temer com o seu interlocutor.

Não nos move nenhum interesse de pensamento político nessa colocação, mas tão somente o registro de observações que se assemelham a ações propositais, no intuito de comprometer a estabilidade político-econômica que vinha finalmente sendo conseguida não por Temer, mas pelo país tão machucado nos últimos dois anos, por uma crise que proporcionou estragos e perdas como jamais tivemos ao longo da nossa história já de 517 anos.

Não há um único brasileiro, mesmo entre os simpatizantes dos que se opõem ao governo-tampão de Michel Temer, que não reconheça a gravidade dessa crise e seus terríveis efeitos, o pior deles resultando no dramático número de desempregados no país.

Podemos até admitir que Temer, velha raposa política, caminhou repleto de más intenções para o encontro onde ocorreu a gravação.

Mas, o vazamento desta, quando o país dava os primeiros bons sinais de recuperação, e a forma ainda não revelada publicamente de como se deu esse vazamento, põem Temer contra a parede, mas não só ele. Na verdade, o Brasil também perdeu, como se viu pela reação dos mercados, trazendo de volta uma insegurança que julgávamos estar ultrapassando.

A questão toda será agora objeto de investigação e Temer poderá inclusive sofrer impeachment. Mas, se isso não ocorrer por se julgar comprometido o quadro probatório e em consequência o processo legal, a larga conta deficitária do país terá suas expressões numéricas terrivelmente aumentadas, gerando maior desesperança entre os brasileiros.

O Brasil não pode mais servir de mesa de pôquer a desatinados. Quem fez vazar a gravação para o festejado jornalista Lauro Jardim, tinha interesses maiores (para ele ou eles) do que delatar um possível ato ilegal cometido pelo presidente da República. Para isto existe a Justiça, que, apesar de todos os percalços que podemos atribuir à mais alta Corte do país, tem na sua contabilidade muito mais acertos do que eventuais erros.

Antecipar-se com ato espúrio ao devido processo legal é comportamento de má-fé e no caso sem precedentes, em se tratando de atingir a reputação do presidente da República, que exerce o mais alto cargo na hierarquia das autoridades do país.

De qualquer forma, o “Fora Temer” ganha mais força com esse lamentável episódio da vida política brasileira.

 

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A presente edição do PROPMARK tem três significativos registros. Primeiro, a comemoração dos 52 anos de circulação ininterrupta deste jornal especializado em marketing e suas disciplinas afins, todas ligadas ao contexto da economia e da política, tendo em vista a importância que aquelas hoje representam para estas últimas. O fio condutor, para essa narrativa, conecta-se com o fenômeno das novelas, que começaram no rádio, migrando-se depois para a TV, onde fazem sucesso até hoje.

Segundo, o recorde de anúncios em uma mesma edição deste jornal ao longo desses 52 anos e com o mercado ainda vivendo um período de dificuldades.

Só podemos entender esse recorde, além do infatigável desempenho da equipe do nosso Comercial, como uma homenagem e um reconhecimento de todo o mercado ao nosso trabalho. E aqui fica o nosso muito obrigado a todos.

Não pode ser desvinculada desse registro, a competência da Redação do PROPMARK e de todos os demais setores que labutam para que semanalmente o leitor tenha em suas mãos, hoje além do conteúdo digital, o impresso de um jornal especializado possuidor desse grau de reconhecimento por todos os setores do mercado.

O terceiro registro, que fazemos com um misto de alegria e de lamento pela separação: trata-se da última edição com a Redação dirigida pelo competente jornalista Marcello Queiroz.

Como ele vai abraçar um novo desafio profissional, fica consignada a nossa alegria pela sua escalada.

Boa sorte, Marcello, e seja feliz.

 

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Eventos: A laboriosa Abap (Associação Brasileira de Agências de Publicidade) promoverá no próximo dia 30 um almoço comemorativo da posse da Diretoria Executiva Nacional e do Conselho Direto da entidade, a ser realizado em São Paulo.

O tradicional evento Casa Cor/São Paulo, cuja avant-première realizou-se sábado (20), está instalada em sua 31ª edição, nos espaços do Jockey Club da capital paulistana. O patrocínio nacional da Casa Cor é da marca Deca, com o patrocínio local sob a assinatura de M.Martan. A realização é do Grupo Abril.

 

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O Editorial desta edição de aniversário do PROPMARK é uma homenagem a essa figura humana exemplar que foi José Zaragoza, admirável artista, publicitário e empresário, mas, sobretudo um amigo ímpar de todas as boas causas.

N. do R.: Este Editorial foi redigido por motivos técnicos no fim da tarde da última sexta-feira (19).

Armando Ferrentini é presidente da Editora Referência, que publica o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda