A Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais (Apro) emitiu um comunicado em que conclama o mercado para a manutenção de melhores práticas, reiteradas ao longo dos últimos anos no Fórum de Produção Publicitária, especialmente nas condições de pagamentos. O pedido da entidade é que se efetue o pagamento de 50% no início, com 30 dias da aprovação do orçamento, e os outros 50% no final, 30 dias após a entrega dos materiais off-line.

“Cabe ressaltar ainda, a total indignação e repúdio à estratégia de atrasos de pagamento em razão da liberação da autorização de faturamento (P.O.), falsamente justificada pela burocracia e sistemas internos. Há diversos pedidos de prorrogação de prazos de faturamentos já realizados antes do Covid-19”,  posicionou-se a Apro, em texto de sua presidente executiva Marianna Souza.

Marianna Souza: “Repúdio à adoção, unilateral, impositiva, na atual conjuntura, de prazos de 90, 120, às vezes até mais dias”
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Como forma de amparar o pedido, a entidade mapeou o estado geral do mercado junto às associadas, e descobriu que 95% das produtoras estão com pagamentos em atraso ou com pedidos de prorrogação de prazo. O montante estimado de prorrogações e atrasos, diz a Apro, já somam mais de R$ 25 milhões. Além disso, 25% das produtoras associadas ouvidas pela entidade informaram que existem recebíveis de 2019 que ainda não foram pagos, na ordem de aproximadamente R$ 3.5 milhões.

“O cenário se torna ainda mais insustentável para o mercado audiovisual publicitário tendo em vista que os anunciantes estão impondo prazos excessivos e intoleráveis para o pagamento de seus fornecedores de produção publicitária”, diz Marianna. “Chegou o momento em que é necessário manifestar o completo repúdio à adoção, unilateral, impositiva, na atual conjuntura, de prazos de 90, 120, às vezes até mais dias, para o pagamento dos fornecedores de produção publicitária. O momento exige o cuidado e a sensibilidade necessária para transpor as dificuldades. É, portanto, totalmente inaceitável que empresas capitalizadas, com franco acesso ao crédito a nível global, transfira suas responsabilidades e competências para o elo mais vulnerável da cadeia”, avalia.Uma das questões mais dramáticas para o setor é o fluxo de caixa e que o aumento dos prazos de pagamento por empresas maiores pode aniquilar empresas de porte menor e impõe concorrência desleal.

A Apro mencionou a situação da Association of Independent Commercial Producers (AICP), associação equivalente à Apro nos Estados Unidos, que está coordenando uma ação de pagamento de recebíveis das produtoras junto aos anunciantes, como forma de garantir a sobrevivência das empresas no pós-crise.