Animado pela Black Friday, o mercado publicitário se fez presente nos últimos dias, ocupando praticamente todas as mídias (velhas e novas), para aquecer este “Natal” antecipado proporcionado pela tradição norte-americana.

Como nos Estados Unidos o Dia Nacional de Ação de Graças é comemorado na penúltima quinta-feira de novembro, equivalendo ao Natal dos católicos, a cultura popular estabeleceu que o dia seguinte seria de trocas no mobiliário e vestuário domésticos. Em linhas gerais, assim surgiu a Black Friday.

Importada pelo Brasil não faz muito, a data passou a ser bem utilizada pelo comércio, com destaque para este ano devido coincidir com o início da retomada econômica, pela qual todos ansiamos.

O mercado anunciante dos mais variados segmentos de atuação, além do varejo, aproveitou a efeméride para estimular suas vendas, alegrando a maioria das agências de propaganda do país. 

Elas, que até há pouco viviam um delicado marasmo diante da tragédia que se abateu sobre a nossa economia desde os três últimos anos, com aumento sequencial da retração até muito recentemente, retomaram o nível de trabalho que mantinham em 2014, comemorando, ainda que em doses não totalmente suficientes, a volta do Brasil, numa feliz expressão de Marcos Quintela, CEO do Grupo Newcomm (“O Brasil voltou”), durante palestra que proferiu no Fórum de Marketing Empresarial deste ano, realizado no Sofitel Guarujá.

 A própria palestra foi batizada com essa expressão otimista, lembrando a importância do retorno de bons momentos e de coisas boas ao país que um dia teve o seu povo chamado de “o último povo feliz do mundo”, pelo cineasta italiano Franco Zeffirelli, vindo ao nosso Carnaval, em 1978, na época em que ocorria o “milagre econômico” brasileiro.

Pelo que temos lido, ouvido e vivido, estamos realmente iniciando a subida rumo a dias melhores, deixando para trás, embora com muitas vítimas, alguns milhões de desassistidos que assim prosseguirão ainda por muito tempo.

 Como já havia muita pobreza nos tempos recentes dos quais temos saudades – porque tudo piorou –, se conseguirmos atingir os níveis econômicos em que estávamos, vamos nos dar por felizes, mas não por satisfeitos.

A verdadeira satisfação somente poderá ocorrer quando superarmos o que já fomos, um desafio que se coloca à nossa frente para ser vencido.

Quem gosta de filosofar, costuma repetir que, para se ir adiante, muitas vezes é necessário recuar, ganhando distância para o salto.

Se o país está destinado a isso, que assim seja. Como recuamos bastante, é bem provável que estamos próximos de um grande salto.

Que não seja para trás.

 

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O júri do tradicional Prêmio Veículos de Comunicação, lançado pela Revista Propaganda, que há 31 anos escolhe as melhores plataformas de mídia do país, após indicações de 1.500 mídias de agências de todo o país e julgamento final entre os três mais indicados em cada categoria, pelos membros da Academia Brasileira de Marketing, divulgou na última semana os vencedores.

Nesta edição do PROPMARK, antecipando-se à Propaganda de janeiro vindouro, os leitores têm os resultados finais da premiação.

Importante observar que, por ser um segmento da comunicação em constante transformação, com maior velocidade nos últimos anos, o dos meios mantém as suas grandes marcas no topo.

Sinal de que a capacidade de adaptação aos novos tempos, ainda que exigindo grandes investimentos, é uma das principais características do empreendedorismo pátrio.

 

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Nossa principal matéria de capa aborda um tema recorrente na propaganda mundial: a adaptação das agências às novas tecnologias, que transformam seus negócios, mas não podem reduzi-los.

Importantes executivos do setor foram ouvidos pela nossa reportagem. O que se depreende dos seus depoimentos é que o mercado brasileiro de agências de propaganda está preparado para enfrentar o admirável mundo novo não só construído pelo digital, mas principalmente por ele provocado.

Se até há pouco algumas grandes corporações anunciantes estavam adiante das suas agências, hoje no mínimo o que se pode dizer a respeito é que estas superaram-se e já estão no jogo em condições de igualdade com seus clientes.

 

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Este Editorial é uma homenagem ao saudoso jornalista e redator publicitário Eloy Simões, um dos fundadores do Prêmio Colunistas, que na versão Brasil deste ano comemora o seu cinquentenário.

Armando Ferrentini é presidente da Editora Referência, que publica o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda (aferrentini@editorareferencia.com.br).