A interação entre homem e máquina, que por décadas se deu através do olhar e de cliques nos mouses e smartphones, está há algum tempo migrando para a voz e inteligência artificial (AI). A Consumer Electronics Show (CES), evento que dita os caminhos do consumo humano para os próximos anos, está reforçando essa  tendência em sua edição 2018.  

Nos lares, a tendência da “casa conectada e inteligente” já é realidade. As chamadas “assistentes virtuais” já foram apresentadas na feira 2017, mas neste ano, Amazon, com Alexa, Google, com Google Assistente, e outros players, estão saindo do campo dos protótipos e indo para a prática, em uma grande corrida que une empresas de tecnologias e fabricantes de eletroeletrônicos em parcerias que viabilizam a AI no maior número de objetos conectados possíveis.

Esses acordos estão ocorrendo por conta de números impressionantes: as caixas de som Echo (Amazon) e Google Home (Google), que tem a funcionalidade das assistentes virtuais de cada uma, já venderam juntos cerca de 27 milhões de aparelhos nos Estados Unidos em 2017, de acordo com dados da Consumer Intelligence Research. Eles e outros mecanismos como o HomePod, da Apple, possibilitam aos consumidores dar ordens aos dispositivos do lar, responder perguntas, ajustar alarmes, mudar a temperatura do ar condicionado, tocar músicas e uma infinidade de funções, enquanto eles aprendem a se adaptar às necessidades de cada indivíduo. Ao invés de precisar aprender a mexer nos equipamentos, as pessoas é que passam a ensinar o que eles precisam fazer.

 Para as marcas, abre-se mais uma oportunidade entender como podem se conectar com o consumidor através dos assistentes de voz. Uma mostra desse potencial foi o case “Google Home of the Whopper”, da David Miami para Burger King, que faturou um Grand Prix em Direct Lions no Cannes Lions 2017.

Na ação, um filme de 15 segundos veiculado na TV trazia uma chamada ao Google Home do lar da pessoa para descrever o Whopper, através de uma pesquisa na Wikipedia. Após o lançamento, o Google bloqueou essa possibilidade, o que não impediu a ideia de se consagrar como uma das principais do ano passado, de acordo com o festival. Mas há muito mais a ser desenvolvido.

 

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Assistentes nos carros, TVs…

Entre as novidadades já apresentadas na CES, o Google trouxe o Smart Display, speaker equipado com display com app do YouTube, equipado com Google Assistente. Trata-se de uma parceria com a Lenovo, fornecedora das telas. Empresas como JBL, LG e Sony também já estão começando a produzir seus próprios speakers com display. 

Com ele, as pessoas podem fazer uma pergunta ao Google e a resposta aparece em telas. Recentemente, a Amazon lançou o Echo Show, com funcionalidades parecidas. Outra possibilidade do Google Assistant é permitir que as pessoas façam videochamadas e assistir vídeos do YouTube em objetos equipados com câmera. Ainda na linha de hiperconectividade, a empresa lançou uma versão do Google Assistente para automóveis.

 A LG anunciou uma TV com inteligência artificial que usa o Assistente para mudar o canal e fazer buscas na internet a partir de comandos de voz. A mesma empresa, que aproveitou o evento para lançar uma TV de 88 polegadas, e resolução 8k, além de uma nova linha de tela OLED, mostrou sua nova plataforma de inteligência artificial ThiQ, que conecta as pessoas com seus dispositivos digitais no lar. O comando de voz pode, por exemplo, acionar aparelhos de TV e ar-condicionado. Mais que isso: esses  equipamentos podem aprender as preferências do consumidor, seja a temperatura do ar, ou o tipo de tecido que está sendo lavado na máquina de lavar. Ele tem conexão com Alexa e Google Home.

Já a Samsung adotou a marca SmartThings para unificar seus produtos de internet das coisas, que inclui itens do lar como smarTV, ar condicionado, lava-roupas, geladeiras, que podem ser controlados por celular.  Outras novidades são a The Wall, smartV de 146 polegadas e a Bixby, assistente virtual (que só fala inglês e coreano, por enquanto). E a Qualcomm lançou a Smart Audio Platform, plataforma específica para áudio speakers inteligentes equipados com Alexa, Cortana e Google Assistente. O objetivo da novidade é viabilizar a rápida aceleração deste novo mercado.

Evidentemente, em meio aos assistentes de voz, a CES trouxe inúmeras outras novidades. Não dá para deixar de falar, por exemplo, do protótipo de veículo autônomo de Pizza Hut, uma parceria com a Toyota que permite entregas em um carro sem motorista.

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A Consumer Electronics Show (CES) começou nesta terça-feira (9), e vai até sexta-feira (12). Reúne 184 mil pessoas, 4 mil empresas e 1,2 mil seminaristas.