Como permanecer criativo e inspirado durante a quarentena? Criativos brasileiros decidiram criar e produzir juntos um projeto por dia durante 40 dias, refletindo sobre as relações humanas durante o isolamento social. Assim nasceu o 40dias40projetos.

Liderado pelo criativo Caio Andrade, da Hyper Island, o projeto uniu criativos brasileiros de diferentes lugares do mundo: André Marchesi (Diretor de Arte Sênior – Geometry Dubai, Lucas Oliveira (Diretor de Arte – Publicis Dublin), Bernardo Tavares (Redator Sênior – David São Paulo), Ramon Balverdu (Diretor de Arte – FCB Brasil), Thomaz Balverdu (Redator – FCB Brasil) e Rafael Ochoa (Diretor de Arte Sênior – David Madrid).

Alguns já estudaram ou trabalharam juntos em algumas agências, mas agora, remotamente, todos dividem do mesmo entusiasmo por criar e fazer ideias acontecerem.

Anteriormente, alguns deles já realizaram 30 projetos em 30 dias, mas agora o desafio era maior, por serem mais dias e pelas limitações de locomoção.

“A gente sabe que dá pra criar e produzir ideias interessantes, sem precisar nem sair de casa. Claro que no desafio de realizar tanta ideia, conciliando trabalho, filha pequena e higienizar compras, algumas acabam não tendo todo o seu potencial criativo explorado, mas nada impede que a gente reveja as ideias mais pra frente e as trate com o craft que merecem.”, comenta Bernardo Tavares, criativo da David São Paulo, integrante mais recente da turma.

Além de exercitarem a criatividade neste período incerto, eles deram a oportunidade de outras pessoas fazerem o mesmo, colaborando com o projeto por meio de insights e ideias.

A ferramenta era simples: um documento online, que qualquer pessoa poderia editar. Ao todo reuniram mais de 180 ideias, enviadas por 27 pessoas diferentes, incluindo eles. O documento tem 40 páginas. A Hyper Island, escola criativa de negócios, deu suporte ao projeto, além de disponibilizar uma caixa de ferramentas gratuita com dicas para trabalhar melhor remotamente.

Entre algumas das ideias criadas estão:

Assistente de Quarentena;

Meu Último Sutiã (veja abaixo);

Arroz de Live;

Instagram de contar carneirinhos;

Entre outras.

“Mais do que conseguir executar uma ideia por dia, durante 40 dias, o verdadeiro desafio é fazer isso nas condições atuais, de casa e com pessoas que estão em diferentes partes do mundo e fuso-horários. As ideias são simples e praticamente sem custos, mas sem perder também a criatividade”, comenta Andrade, líder criativo da Hyper Island Brasil.

Thomaz e Ramon, irmãos criativos de Pelotas, contam um pouco relatam um pouco do desafio: “Esse projeto foi um reforço para maneira que pensamos. Sempre valorizamos muito o fazer, e conseguir lançar uma ideia nova por dia foi uma baita realização”, conta Thomaz.

“A gente sempre pensou uma ideia tendo em mente como fazer para colocá-la na rua no dia seguinte, e esse projeto foi uma baita maneira de exercitar esse pensamento. Temos a facilidade de sermos irmãos, dupla, e ainda estarmos na mesma casa, por isso em alguns momentos acabamos fazendo alguma coisa aos 45 do segundo tempo.”, complementa Ramon.

Como cada um está convivendo com a quarentena numa região diferente, as fontes de inspiração também mudam de acordo com o local. Lucas conta que um dia “estava na fila do mercado em Dublin, seguindo medidas que ainda não foram implementadas no Brasil e mandei mensagem no nosso grupo pra ver se rolava alguma ideia pra eu realizar enquanto passava por essa experiência”.

Direto de Dubai, o diretor de arte André Marchesi conta a diferença entre criar num projeto paralelo e na rotina da agência. “A quarentena em si já forçou todos nós a sairmos do automático do dia a dia na agência e reinventarmos a rotina dentro de casa, mas o projeto puxou ainda mais de cada um. Tínhamos uma oportunidade de produzir livremente, interagindo com uma rede criativa viva e que estava disposta a levantar reflexões nesse período tão turbulento.”.

Para o redator Bernardo Tavares, trabalhar paralelamente, sem parar por 40 dias, não foi um sacrifício. “É muito importante se exercitar dentro de casa. A gente fez isso, só que com o cérebro e é algo terapêutico, porque as diferentes pessoas envolvidas no projeto querem e sabem fazer acontecer. Então a gente fica só com a parte boa da profissão: criar, conceituar, se divertir com ideias e até ajudar mais gente a colocar projetos na rua”.

Tavares também fala sobre possíveis roubos de ideias: “quem faz um gol, faz outro. O dia a dia em agência é cruel com criativo. A gente tem que estar preparado pra ter desapego. Senão não consegue produzir”.

Enquanto decidem o que fazer, eles consideram evoluir algumas dessas ideias e também marcar um dia na semana para criarem sempre uma nova ideia. “É como um futebol de quinta-feira, só que com ideias”, explica Andrade.