8 de março. Uma data que não pode passar despercebida em nenhum ambiente, mas que é envolta de comemorações que não trazem a profundidade e princípios que o assunto exige.
Há alguns dias fiquei intrigada na real razão para qual essa data foi criada. Sim, a história da repressão feminina e das nossas conquistas já foi mais do que discutida. Relembrar a data alerta a sociedade para que retrocessos não aconteçam.

Mas, no fundo, o que temos que ter é a consciência de que o respeito à mulher deve ir além e permear o respeito em todas as relações. De mulher pra mulher, de pai pra filho, de coleguinha para coleguinha, de negro pra índio, de cliente pra prestador de serviço… de ser humano para ser humano.

“O 8 de março deve sim ser visto como momento de mobilização para a conquista de direitos e para discutir as discriminações e violências morais, físicas e sexuais”, disse a porta-voz da ONU Mulheres, Nadine Gasman, em matéria sobre o assunto no portal da organização.

É isso mesmo. Apoio.

Mas concordam que essas discussões não podem limitar-se a um único gênero? O que me sempre vem à cabeça é: por que ainda hoje, uma data tão importante e que mexe tanto com as corporações não tem um real impacto na vida das pessoas? O que estamos fazendo para mudar esse cenário? Me incluo nessa. O que eu estou fazendo?

Se tanto discutimos, por que ainda não temos a tal expressividade de liderança feminina nas empresas? Numa pesquisa da Mckinsey, o dado de que mulheres na liderança aumentam em
21% a chance de uma empresa ter desempenho financeiro acima da média, mas que apenas
10% delas alcançaram este posto, ainda me surpreende.

Pessoas do mundo todo estão se mobilizando por um futuro mais igualitário, organizam protestos, debatem, propõem ideias, discutem entre grupos internacionais. Mas cada um com o seu ponto de vista, com suavelhaopiniãoformadasobretudo (já dizia nosso amigo Raul).

Continuo minhas leituras e me deparo com um artigo sobre dublagem de negros feitas por brancos, onde há uma discussão sobre raça quando se fala de voz. Dias depois acho o dado de que 23 mil jovens negros são assassinados por ano. Ou seja, fatalmente não atingimos a tolerância que espero do mundo. Segundo Gasman, da ONU, nosso dever enquanto sociedade é que “não deixar ninguém para trás, é trazer para o desenvolvimento para as oportunidades a todos e a todas”.

E não é isso que deveria gerir o mundo? Discutir direitos básicos e igualitários, partindo de um preceito básico que é o do SER HUMANO. Você tem o direito de ser livre pra ser quem você quiser. Livre de medos, de preconceitos, de pessoas e coisas negativas, livre pra correr atrás dos seus sonhos. Não importa onde, quando e com quem – desde que para isso você respeite quem está do seu lado. Ser gente. Gostar e respeitar gente.

Por isso, nesse dia 08 de março, que a gente comemore o Dia Internacional do sou igual a você.

Flávia Carvalho é Atendimento na Santa Clara