Agências serão cada vez mais cobradas a atuarem como consultorias (Freepik)

Indissociabilidade entre propaganda e estratégia empresarial, competências consultivas, entendimento sobre o consumidor final e criatividade aplicada a diversas áreas. Esses são os principais destaques do paper “Fenapro Transforma”, debatido no programa da entidade, o Chacoalha, por Daniel Queiroz, presidente da Federação Nacional das Agências de Propaganda (Fenapro); André Lacerda, presidente do Sinapro-MG; e Alexandre Pedroni, presidente do Sinapro-ESC.

Entre as principais mudanças identificadas nos perfis dos clientes, estão: anunciantes que não fariam investimento em comunicação off-line surgem como potenciais clientes (mas com capacidade menor de investimento); o aumento do e-commerce representa uma oportunidade para agências pequenas, seguindo a visão de que a propaganda digital é o novo aluguel; a entrega das agências deverá ser mais focada em resultados e com remuneração cada vez mais estabelecida pelo valor entregue, seja cobrança por inteligência consultiva ou por resultados mensurados em indicadores.

“Embora o impacto do digital tenha sido forte em termos de rentabilidade, também há grandes oportunidades, para as agências, no aspecto estratégico e consultivo. As agências sempre estiveram dentro dos clientes, entendendo seus produtos antes de criarem e propagarem uma campanha. Hoje, mais do que nunca, é necessário atuar como consultoria estratégica, primeiro entendendo bem o que o cliente quer e provendo soluções para cada etapa da estratégia”, confirma André Lacerda.

A necessidade é corroborada também por Alexandre Pedroni. “Recebo muitas ligações de clientes pedindo consultas, e eu tenho percebido que cada vez mais eles contam conosco, as agências, como consultorias de visão estratégica, sobre como lidar, por exemplo, com a infinidade de canais de comunicação que existem hoje”, fiz o presidente do Sinapro-ESC.

Para Daniel Queiroz, “não existe estratégia comercial sem comunicação. Eu vejo esse momento como uma grande oportunidade para as agências retomarem o foco estratégico de consultoria junto aos clientes, que, de certa forma, ficou em segundo plano quando o marketing digital tomou conta, e todos tivemos que focar nessas estratégias. O lugar das agências hoje, para retomar o protagonismo com os clientes, é assegurar essa consultoria estratégica”.

Além do impacto do digital na relação de agências e clientes, a Fenapro frisa ainda a importância do middle marketing, composto por empresas que tradicionalmente não anunciavam na mídia off-line e que passaram a investir na mídia online, embora com investimento menor. “A remuneração digital está atrelada à performance. Cabe às agências apresentarem soluções de melhor custo benefício aos clientes, pois eles, cada vez mais, não dispõem de grandes verbas de investimento, mas sim de budgets específicos para cada tipo de ação, com prazos cada vez mais curtos, especialmente no digital”, sugere Pedroni.