Não estou inventando. É matéria recente do jornal Valor, assinada pela Vanessa Adachi. Hoje, na cúpula do Itaú, passa-se o tempo discutindo a idade das pessoas e não suas competências.

Vanessa foi conversar com Candido Bracher, CEO do Itaú Unibanco. Bracher diz: “A única obra que tenho de inaugurar é deixar bons nomes para que o Conselho de Administração possa escolher meu sucessor”.

Como assim, Candido? Declaração cândida e singela demais para o CEO da maior instituição financeira privada do país. E aí a conversa envolvendo outros executivos do Itaú Unibanco vai se desenvolvendo. Parece mentira, ou coisa de comadre…

“Marcio Schettini, diretor-geral do varejo, é o nome mais lembrado para a sucessão pelo tempo de casa e experiência no cargo… mas já está com 54 anos e só ficaria na presidência por seis anos…”, Ou… E por aí vai. Nos últimos 100 anos, o ser humano ganhou 40 anos de vida. Nos próximos 100, com o Projeto Genoma Humano mais as conquistas do Crispr-Cas 9, no mínimo mais 40!

Se até fazia algum sentido as pessoas aposentarem-se compulsoriamente em torno dos 60 anos, agora não existe razão alguma. E até mesmo porque, lá atrás, a maioria morria antes…

Mais ainda, os tais de regulamentos ou compromissos das grandes corporações deveriam ser radicalmente revistos, e considerar-se, apenas, a capacidade física e mental de cada executivo, confrontada com seu desejo, vontade, energia e força para continuar no comando.

Ou seja, referenciar-se exclusiva e compulsoriamente na idade é de uma burrice monumental. Um crime contra a própria empresa. Bem fez Lázaro de Mello Brandão, que mandou os estatutos para o espaço e ficou no comando muitos e muitos anos depois da data limite. E hoje, com 92 anos completos, absolutamente lúcido e com energia necessária e suficiente, segue na presidência da Fundação Bradesco e da Cidade de Deus Participações.

Desde dois anos atrás decidimos dar fim a essa bobagem de gerações. Hoje só nos interessa a atitude que as pessoas têm em relação à vida, as novidades, a tecnologia, e a capacidade de aceitar e enfrentar desafios.

Na edição de 26 de outubro de 2016, da revista Fast Company, a jornalista Gina Pell deu fim à polêmica. Não existem cinco gerações, disse ela. Apenas duas. A dos perennials e a dos ephemerals.

Ou você, pela sua atitude é e participa – perennial –, não importa a idade que tenha, ou você não é, e nem mesmo está afim – ephemeral –, também não importa a idade que tenha. E aí decidiu tirar uma fotografia dos participantes da geração dos que decidiram seguir em frente, mergulhar de cabeça no futuro, lambuzarem-se na tecnologia, a dos perennials.

E quem apareceu na foto revelada? Adivinhem… Tony Bennett e Lady Gaga – 92 anos e 32 – 60 de diferença, mas rigorosamente a mesma atitude em relação à vida. E do lado de Tony Bennett, com a mesma idade, ele, Lázaro de Mello Brandão. Em verdade, “seo” Brandão é apenas um mês mais velho que Tony Bennett… Já pela atitude: duas crianças…

Vai continuar insistindo em medir, avaliar e validar as pessoas pela certidão de nascimento, pelo RG baixo, ou, e finalmente, pela maneira como se comportam, reagem e se relacionam com o novo?

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)