Alê Oliveira

Graves crises econômicas brasileiras foram combatidas pelo instrumental da comunicação publicitária.

Uma das piores consequências de toda crise dessa natureza, quase sempre acompanhada (ou provocada) em nosso país por um cenário político adverso, é o desânimo que se abate sobre a população. Estado de espírito coletivo que só tende a crescer, quando o despreparo dos governantes faz com que não acenem com situações de melhora no curto prazo.

É o que estamos vendo hoje no Brasil, vitimado por uma crise que teve seu início em 2014, ganhando força com o fracasso da seleção brasileira de forma acachapante na Copa do Mundo da Fifa (sepultando de forma definitiva os últimos lamentos por 1950) e mais força ainda com a dicotomia entre a campanha eleitoral da atual presidente da República e o seu jeito único de falar e agir após a posse.

Houve a desconfiança dos resultados das urnas eletrônicas e a lembrança dos resquícios do mensalão, agravados com o desenrolar do petrolão e o descontrole da política monetária, que prossegue com seus percalços, gerando maior insegurança com a saída do ministro Levy e, ainda na última semana, com a decisão do Banco Central em manter a taxa Selic de juros, horas depois do seu presidente ter sinalizado para um aumento da mesma.

Não se governa sequer uma pequena empresa com contradições e estas surgem a todo momento no cenário do comando do país. Fica a impressão clara de que esse quadro de apatia perdurará ainda por um bom tempo, permitindo a alguns experts previsões sombrias para o país até no mínimo 2018.

Diante dessa situação incontornável, com o impeachment de Dilma Rousseff aparentemente afastado, resta à iniciativa privada reassumir seus papéis, voltando a acreditar em um país possível, apesar de todas as mazelas oficiais. São dois mundos que podem funcionar de forma diferente um do outro, embora prossigam dependentes entre si.

É a partir dessa constatação, sem ilusões, que o jogo do mercado pode se tornar favorável, ainda que apenas ligeiramente. Já teremos um alívio se isso ocorrer.

Voltemos ao primeiro parágrafo: é hora de anunciar, é chegado o momento de grandes campanhas senão de otimismo, pelo menos de convencer cada cidadão que a vida continua, apesar da duvidosa qualidade dos que compõem a cúpula do governo brasileiro, no mínimo muito fraca e acomodada para resolver os graves problemas do país.

Nem precisamos falar da desonestidade de alguns deles. Basta apontar para o seu despreparo, o permanente egoísmo, a falta do dar de si como contribuição para um país melhor, ou menos ruim.
Se realmente quisermos manter nossas esperanças, temos de emprestar total apoio à iniciativa privada, não a do tipo que sujou as mãos, como revelam as narrativas da Lava Jato, mas aquela que também acredita no Brasil, como todo cidadão de bem que sai de casa para votar nos dias de eleições, apesar de descrer que a sua vida pode melhorar com os resultados.

Se não encontramos lideranças verdadeiras no mundo político nacional, vamos identificá-las no mundo paralelo e ao mesmo tempo distante da iniciativa privada e nas pessoas de bem que formam esse admirável contingente de 204 milhões de seres que habitam nosso colossal território, deduzindo desse total a ínfima parcela da classe política, a quem devemos um basta pelas suas inqualificáveis travessuras.

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Aplausos para a emissora Band AM pela continuada campanha em prol da propaganda, reafirmando seus valores de informação e conteúdo.

Os meios deveriam se unir em torno dessa necessária tarefa de esclarecimentos à população, sobre a importância de cada mensagem publicitária.

Além de proporcionar à mídia em geral seu principal alicerce de manutenção, está a serviço do público esclarecendo-o sobre a utilidade dos produtos, serviços e ideias anunciados.

Em um jornal dirigido maciçamente aos que integram o universo da comunicação do marketing, pode parecer desnecessária essa apologia. Mas, como o PROPMARK também é lido por integrantes de outros setores de atividades, é sempre oportuna, a nosso ver, a repetição dessa lembrança.

Até porque não raro retornam ao noticiário grupos de pessoas que julgam ser a atividade publicitária um dos principais malefícios da sociedade moderna, quando a verdade é justamente o oposto, em razão inclusive da liberdade de escolha que proporciona ao consumidor.

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Nosso adeus para o mestre Ettore Scola, que partiu no último dia 19, deixando-nos um imenso legado de obras de arte que serão sempre revistas por sua incomparável qualidade e absoluta pertinência.

Dentre os muitos filmes que dirigiu, citamos Ciúme à Italiana (1970), Nós que Nos Amávamos Tanto (1974), Feios, Sujos e Malvados (1976), Um Dia Muito Especial (1977), O Baile (1983), Mario, Maria e Mario (1993) e seu grande final Que Estranho Chamar-se Federico (2013), em homenagem à sua amizade de uma vida com outro colosso, Federico Fellini.

Armando Ferrentini é diretor-presidente da Editora Referência, que edita o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda