O leitor assíduo bem lembra das inúmeras vezes que, neste espaço, criticamos a forma de montagem do colegiado do STF. Salta aos olhos, até de leigos na matéria, a contradição de uma escolha a ser feita pelo presidente da República (Poder Executivo), com a aprovação pelo Parlamento, em sabatina que qualquer estudante do primeiro ano de direito responderia.

Estamos assistindo nestes tempos em nosso país, como se confirma repetidas vezes, à incoerência desse processo, pondo em risco não só a Constituição Federal, como a própria democracia.

Por mais justos que sejam os egrégios julgadores, sempre haverá a lembrança de quem os escolheu. Impossível ignorar esse sentimento que é próprio da natureza humana. A legislação, em seus diversos códigos, leis, portarias e regulamentos, cerceia o parentesco e não raro questiona o grau de amizade entre as partes.

O princípio é sempre o de isentar, da forma mais abrangente possível, as figuras não apenas do juiz, mas dos personagens ativos de um processo e do seu julgamento. Esse princípio é contrariado na formação do mais importante tribunal do país e não apenas pela suspeição natural daquele que julgará quem o escolheu para a Alta Corte, como também por decisões que se refletem direta ou indiretamente sobre quem escolhe.

Estamos assistindo a esse tipo de situação, que deveria ser constrangedora, com elevada frequência nestes últimos tempos em que a política passou a ocupar o noticiário inclusive criminal da mídia.

Quando do impeachment de Dilma Rousseff, só para citar um exemplo, ficou marcado o rasgamento da Constituição Federal pelo então presidente do Supremo, em decisão de parceria com o então presidente do Senado Federal, deixando de suspender os direitos políticos da presidente da República excluída, ferindo de forma gritante o dispositivo que não deixa dúvidas quanto ao desaguar do impeachment na cassação daqueles direitos.

O Brasil inteiro sabe que o presidente do Supremo concordou com essa decisão, esdrúxula, por sua notória simpatia pelo partido político da presidente cassada.

A verdade é que estamos perdendo um importante momento para fortalecer nossas instituições e eliminar a velhacaria de muitos atos dos ditos representantes populares.

A população brasileira está devidamente esclarecida quanto ao que deve ser feito, mas aqueles que a representam preferem pensar mais em seus interesses imediatos, do que na função para a qual foram eleitos ou nomeados. Tem sido repetitivo o processo de deslocamento dessas figuras públicas dos seus representados.

O que se vê então é a balbúrdia, uma confusão sem fim e – o pior de tudo – a descrença popular na política, algo que não podemos permitir, sob nenhuma hipótese, pois é somente através dela que o país pode voltar a ser bem governado.

 

***

 

A presente edição do PROPMARK traz cobertura completa do 8º Fórum de Marketing Empresarial, promovido pelo Grupo Doria e o Lide, em parceria com a Editora Referência.

Realizado no período de 18 a 20/8 no Sofitel Guarujá (SP), o evento reuniu mais de 300 representantes de empresas que, entre outros fatores, consagraram-se no mercado, através e pelo marketing bem praticado.

São justamente essas que, por entregarem seus destinos aos ditames do marketing, mais dele procuram se aproximar, aproveitando um Fórum como o do Guarujá, para se reavaliarem e observar como os demais participantes estão reagindo, diante de um mercado até há pouco em grandes dificuldades, que já dá sinais de recuperação.

Como diria Lavoisier, caso tivesse pertencido ao mundo do marketing, que na sua época mal existia, pelo menos de forma acadêmica: “No marketing nada se perde, tudo se transforma”.

Dentre os vários pontos altos do Fórum, como praticamente todos os seus palestrantes – um grupo de empresários e profissionais que se pudessem encaminhar um planejamento do país aos políticos por uma boa temporada, com a obrigação destes de seguir rigidamente as recomendações, ao menos metade dos nossos graves problemas estaria resolvida –, temos a ressaltar o conteúdo da fala produzida por Walter Longo, presidente do Grupo Abril, que reproduzimos na íntegra nesta edição. 

Para quem acompanhou a Abril desde o seu início até os dias de hoje, compartilhando dos grandes momentos de esplendor que viveu em diversos períodos da economia brasileira, o discurso de Longo foi uma ode à frase perfeita de um político absurdamente imperfeito: “Não destruam a História, aprendam com ela”.

Mais importante ainda, voltando a Longo, é perceber sua preocupação em fazer o Grupo Abril retornar aos melhores dias. Sabemos ser tarefa dificílima, não pelo seu principal executivo, um homem de muitas competências, mas porque o mercado mudou de forma extremamente acelerada e quem diminuiu o passo lá atrás, provavelmente ergueu uma barreira entre si e o pódio. Mas, sabemos também que barreiras são feitas para serem ultrapassadas.

Esse é o desafio.

 

***

 

Este Editorial é uma homenagem a Jerry Lewis, por ter sido um benfeitor da humanidade, fazendo-a rir por décadas (o que continua através da reprise dos seus filmes).

Armando Ferrentini é presidente da Editora Referência, que publica o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda (aferrentini@editorareferencia.com.br).