Divulgação

A tendência mundial, unânime em todos os países, é a questão da sustentabilidade. A A10, em parceria com o Grupo GLBA (Global Local Branding Alliance), realizou um estudo global sobre as tendências de design de embalagens ao redor do mundo. Foram ouvidos profissionais de agências de design da Alemanha, Estados Unidos, Turquia, China, Rússia e África do Sul. “A sustentabilidade é, sem dúvida, a principal tendência”, conta Margot Takeda, sócia-fundadora e diretora de criação da A10.

Segundo Margot, o Brasil ainda está distante desta realidade por esbarrar em um obstáculo: o custo. Na Alemanha, que tem tecnologia de ponta para produção, as embalagens sustentáveis já são uma prática comum. “O consumidor quer saber qual o valor agregado que a marca oferece”, conta.

Para as empresas que trabalham com exportação é fundamental, segundo Margot, entender o que está acontecendo no mundo. “É preciso enxergar o que está acontecendo lá fora para conseguir exportar um produto de acordo com a cultura de cada país. Além das tendências macro, cada país tem suas peculiaridades”, explica. “É preciso pensar no alinhamento global pensando localmente, com a preocupação de enxergar esse comportamento das pessoas de cada pais”, conta.

A utilização de papel para reforçar que os produtos são frescos, tradicionais e originais é cada vez mais comum na Alemanha e nos Estados Unidos. No Brasil, este recurso também é muito utilizado. Outro recurso muito usado na Alemanha são os elementos para tornar os perfumes especiais. No segmento de perfume, a tendência é acrescentar algo especial na embalagem, como, por exemplo, laços, madeira ou outras características. No Brasil, um bom exemplo citado pela sócia-fundadora e diretora de criação da A10 é O Boticário.

A China está passando pelo processo de humanização do design de embalagens. O logo, a explicação do que é o produto e a arte da embalagem devem ser facilmente entendidos. Outro detalhe importante nas embalagens para os chineses é que deve ser fácil de usar e promover a reciclagem. Na China, por exemplo, há uma forte preocupação em fortalecer a cultura local nas embalagens. “A China é dona de uma cultura abrangente e profunda, seu povo tem orgulho das suas tradições, história e cultura. Os caracteres e o grafismo tradicionais também atraem aqueles que amam a cultura chinesa”, conta Margot.

O Brasil, na opinião de Margot, ainda precisa evoluir na questão da valorização cultural local porque ainda tem a tendência de valorizar o que vem de fora. “Essa preocupação em fortalecer a cultura local acontece somente com marcas não tão populares ou em situações especiais, muito associadas a eventos esportivos ou eventos culturais, como festa junina. Isso deveria ser mais explorado porque tem um valor agregado muito grande”, conta.

Na Turquia, os produtos orgânicos, os leites com prazo de validade curto e os derivados do leite de cabra estão cada vez mais populares. Por conta dessa tendência de popularização, as marcas começaram a oferecer aos consumidores produtos e designs de embalagens mais interessantes. “A Turquia, assim como a Russia, é um grande mercado no design, inclusive exportando design. Tem um olhar mais alegre para as embalagens”, conta Margot. A crescente utilização do vidro nas embalagens de leite é um dos exemplos.

Este recurso também é utilizado na África do Sul, que também tem outra tendência muito observada no Brasil: o design gráfico utiliza cores e imagens naturais, como de frutas e alimentos, reforçando que o produto é de qualidade e tem ótima procedência. A Maguary, por exemplo, utiliza com frequência este recurso no Brasil.

Nos Estados Unidos, algumas tendências se sobressaem, como o serviço de assinatura de comida, em que empresas enviam diariamente refeições entregues na porta do cliente. Até mesmo empresas que trabalham com opções para lanches estão participando dessa tendência. As embalagens dos produtos são em papel e reforçam todo o frescor e qualidade dos alimentos.

Os segmentos de cidra artesanal e cerveja artesanal estão crescendo nos EUA. Atualmente, muitas cervejarias locais e pequenas estão competindo com grandes marcas. Os produtos sem glúten estão ganhando mercado destinado para quem sofre de doença celíaca e quem acredita nos benefícios de uma dieta sem o componente.

A interação com as embalagens também é uma tendência captada no estudo. No segmento de refrigerantes, por exemplo, os detalhes gráficos inteligentes animam o consumidor a interagir com o produto. Ao virar a garrafa com o objetivo de ler a instrução “Agite a embalagem”, o consumidor estará misturando automaticamente o suco e a polpa.

Segundo o estudo, o design de embalagem no Brasil tem acompanhado as tendências mundiais, ficando atrás somente nas questões relacionadas ao fortalecimento da cultura, humanização e sustentabilidade. O desafio para os designers é criar embalagens inteligentes e criativas para conseguir captar em três segundos a atenção do consumidor e criar a conexão.