Uma empresa constituída por professores da Universidade de Oxford, a Oxford BioChronometrics (www.oxford-biochron.com), fez um interessante – e destruidor – estudo sobre a épica batalha dos humanos vs. os ad-clickbots, que foi fundamentado na compra de espaço junto aos quatro maiores websites do mundo: Google, Facebook, Yahoo! e LinkedIn.

Os resultados indicaram que apenas entre 2% (Google) e 12% (LinkedIn) dos cliques foram de fato feitos por seres humanos. Todo o restante foi constituído por diversas formas de ad-bots, uma forma conhecida dos webrobots, que têm como principal função anabolizar os resultados das contas enviadas aos anunciantes, manipular posições de audiência entre os sites e incrementar ratings e reviews favoráveis.

Além desses usos mais comuns e na fronteira do legal com o ilegal, os webrobots também fazem coisas claramente prejudiciais para a economia, como comprar para os cambistas os melhores lugares dos espetáculos mais requisitados e inflar o valor dos itens vendidos em leilões na web.
O estudo foi realizado com base em uma programação de mídia comprada nos quatro portais pesquisados, em que foram investidas 100 libras esterlinas em cada um, no começo de 2015.

Não surpreende que os resultados (que podem ser conferidos em  aqui) ganharam baixa repercussão no mundo digital (apesar de comentários e referências positivas feitas no The Wall Street Journal, Forbes e NBC News), pois o que se constatou, através das sofisticadas ferramentas analíticas da empresa britânica, foi um panorama devastador para a publicidade na web.
A Oxford BioChronometrics lembra que os ad-bots têm a função de gerar, de forma direta ou indireta, valor econômico para a organização que faz uso deles; que eles mimetizam, em diversos graus, as ações de um ser humano fazendo uso de um computador; que eles [os ad-bots] repetem sua ação um incrível número de vezes; que eles podem gerar o início de uma atividade em relação a um display, vídeo ou website; e que cumprem sua “missão” com o mínimo de ações.

O estudo constatou a existência de cinco tipos de ad-fraudbots: o básico, que virou quase um “delinquente infantil” no atual panorama, e nem é mais a forma dominante deles; o enhanced, bem mais sofisticado, e o highlyenhanced, ainda mais “competente”; o advanced, que já imita com maestria o comportamento humano; o highlyadvanced, que se parece muito com o que faz uma pessoa real; e o humanoide, que apenas programas de análise altamente complexos são capazes de desconfiar de que não são fruto de uma ação humana.

Os últimos três tipos são bem recentes, pois se desenvolveram a partir da tecnologia do big data, capaz de fazer um grande volume de correlações extremas em tempo real, e estão sendo incrementados de maneira espetacular.

Dessa forma, os recursos, que deveriam estar sendo utilizados para o bem, para melhor direcionar as mensagens publicitárias a seu target, acabam sendo um instrumento para o crime cibernético.

Vale a pena conhecer e analisar o estudo para se ter uma ideia mais precisa dos perigos que ameaçam a eficiência e a eficácia da mídia digital, colaborando para que aumente o nível de desconfiança em relação aos verdadeiros resultados desse meio em termos de sua utilização publicitária.

A Oxford BioChronometrics não é a única organização do gênero a alertar sobre esse problema, que tem sido alvo de estudos e metodologias que buscam se equiparar à “inteligência” dos que objetivam inflar artificialmente os resultados de audiência do digital. Mas a empresa britânica é uma das mais focadas e bem aparelhadas em termos tecnológicos para fazer a necessária separação entre o joio e o trigo.