Sucesso nos Estados Unidos e Europa há alguns anos, os museus e mostras instagramáveis desembarcaram no Brasil recentemente, mas já se consolidaram como importantes destinos de entretenimento e engajamento no país. 

Em julho de 2018, o Jardim Pamplona Shopping, em São Paulo, recebeu a primeira edição da FunCast, exposição que reúne 25 cenários interativos produzidos pela inCast, empresa que atua no segmento de marketing de influência. A atração, que chegou a ser prorrogada na capital paulista devido ao sucesso, chegou a Campinas em 27 de junho – onde permanece até 31 de agosto. A mudança de cidade deve-se à parceria com a rede de shoppings Iguatemi, que levará a atração também para Ribeirão Preto, Brasília e Porto Alegre.

“A temporada em São Paulo foi maravilhosa. O shopping nos hospedou em um espaço de mil metros quadrados na frente da praça de alimentação, e conseguimos elevar em 35%, 40% o consumo da praça durante o evento. Nós também criamos espaços customizados de acordo com as necessidades de marcas, em um pacote que oferece ainda ativação com influenciadores”, explica Vera Kopp, idealizadora da FunCast. A atração recebeu ativações de marcas como Toddy, Itubaína, Heineken e Bic.

O trabalho com artistas e personalidades digitais também ajudou a popularizar a atração. Os youtubers PC Siqueira e Kim Rosa Cuca assinaram, respectivamente, as salas Neon, Neon e FunTub. Já a influenciadora Rafa Kalimann assinou o espaço #SharetheLight. André Gola, diretor-executivo de criação da AlmapBBDO, também foi responsável por um dos cenários, onde expôs versões de seus cartoons Suadinho e O Escolhido.

Enquanto a FunCast viaja o Brasil, os paulistanos não ficarão sem cenários instagramáveis. No último dia 20, o Museu Mais Doce do Mundo foi inaugurado na cidade. Fundado em Lisboa com o nome de The Sweet Art Museum, as 15 salas com o tema Diga Sim à Felicidade! ficam na cidade até 18 de agosto. Depois, as instalações serão transferidas para o Rio de Janeiro.

A atração apresentará parcerias com Bauducco, Huawei, Leite Moça, Itubaína, Nina Ricci, Docile e Multiplan. “Em Portugal não havia marcas apoiadoras. Desde que decidimos trazer o projeto para cá, a nossa ideia sempre foi fazer espaços em alusão às marcas, mas sem necessariamente expor logos e produtos dentro das salas. Na saída do museu teremos uma área dedicada à ativação desses parceiros, onde os produtos poderão ser expostos. Nossa expectativa é reunir cerca de mil pessoas por dia”, explica Luzia Canepa, diretora da empresa Aúna, que traz o projeto para o Brasil.

NÃO É COISA DE ADOLESCENTE
Apesar de forte conexão com redes sociais, tanto a equipe da FunCast quanto a do Museu Mais Doce do Mundo garantem que o público dos espaços não é formado apenas pelas gerações mais jovens.

“É claro que sabemos que o museu não é tradicional, então as novas gerações acabam sendo mais criativas em relação a isso. Mas nosso público vai dos oito aos 80 anos, desde crianças e adolescentes, para famílias e pessoas com mais idade. Nossos espaços foram criados pensando em todos esses públicos”, garante Carla Santos, idealizadora do museu.

“A maior parte de nosso público está na faixa dos 25 aos 40 anos. Também recebemos muitas pessoas de idade levando netos crianças. Fugindo um pouco da idade, também temos atraído muitos grupos de pessoas com deficiência auditiva, e até contratamos um intérprete para atendê-los. Os cenários são muito visuais. Esse público geralmente não vai ao teatro, ao cinema, e nos tornamos uma boa opção”, comenta Vera.

MARCAS e EXPERIÊNCIAS
Pensando em ampliar o engajamento com seus públicos e a presença no digital, marcas também vêm investindo em espaços pop-up que mesclam conteúdo próprio e pontos instagramáveis.

No fim do último ano, O Boticário promoveu também em São Paulo a Beauty Factory, que contou com time de influenciadores digitais. Já no início de 2019, o público pôde conferir as novidades da Casa de Praia de Gillette Venus e da Casa de Verão Melissa. Nas últimas semanas, a marca NBA, da liga de basquete profissional da América do Norte, trouxe ao Brasil a House NBA, com ativações para os fãs do esporte.

Seguindo a mesma linha, o Palladium Shopping Center de Curitiba desenvolveu quatro espaços para que os clientes compartilhem momentos. Os cenários espalhados pelos corredores do empreendimento foram elaborados com os temas Vivendo nas nuvens, Arte com tintas, Patinho na piscina e Monocromático. Segundo a equipe do centro de compras, para criar um espaço instagramável, é preciso “saber sobre as tendências de consumo do seu público e superar as suas expectativas, oferecendo uma vivência única e com engajamento no universo online”.

De acordo com Maura Coracini, líder da área de mídia & digital da Kantar, os consumidores querem buscar experiências mais intensas do que a simples compra. “Estamos na terceira era do consumo e isso cria uma nova dinâmica de relação da sociedade com o externo. Esses consumidores também valorizam relacionamentos no seu dia a dia, nas suas decisões e mesmo na forma como lidam com marcas e empresas, isso tudo sem deixar de lado o fato de estarem abertos ao bom uso da tecnologia, como o uso dos algoritmos, conseguindo, por meio deles, o que querem em menor tempo e com maior customização e relevância. Dessa forma, o cenário que estamos vivendo hoje vai muito além de vender produtos; hoje temos a missão – como profissionais de marketing – de criar experiências e não só pensar em gerar leads e direcionar os consumidores em uma jornada única de compra. Sabemos hoje que essa jornada não é nada linear”, diz. 

Para a idealizadora da FunCast, o sucesso desses espaços não está apenas no apelo visual, e sim na experiência oferecida. “Esses espaços são para você se divertir, se soltar, dar risada e ter uma experiência legal. Não é só para tirar foto. A nossa entrega criativa é muito sensorial, e inclui outros elementos para tato e olfato. Para alguns dos cenários foram desenvolvidas até mesmo músicas”, revela. “O nosso conceito é 100% Instagram friendly, mas o objetivo principal é contar uma história por meio dos doces, que nos acompanham a vida inteira. Por isso, temos degustações em algumas das salas”, reforça a responsável pelo Museu Mais Doce do Mundo.
“Nessa terceira era, seja simples: menos é mais. Seja relevante, pois quanto maior conexão, maior pode ser a fragmentação. E, por fim, seja criativo, pois quanto mais tecnologia, mais necessário será o fator humano”, resume Maura.