Voluntários recolhem fragmentos de óleo na praia de Morro de São Paulo, na Bahia (Divulgação/Agência Brasil/João Moraes)

Desde setembro, estados como Bahia, Pernambuco e Alagoas vêm registrando a aparição de manchas de petróleo em suas praias. Na última semana, o Espírito Santo também alertou para a presença de petróleo em seu litoral.

A Marinha classificou o vazamento como crime ambiental e disse que “as consequências atingiram cerca de 2.250 km de extensão.” Além dos danos à natureza e à saúde – a Fiocruz está monitorando o impacto sanitário na população –, a preocupação é com relação à economia e ao turismo local, devido à aproximação da temporada de verão.

A Holding Clube, responsável pela produção do Réveillon N° 1, que é realizado em Itacaré, no sul da Bahia, aponta que por conta do fluxo da maré, apenas a Praia da Ribeira foi atingida, com uma quantidade de cerca de 200 kg de dejeto, que já foram recolhidos pela prefeitura e por voluntários.

“Após esse dia, nenhuma outra quantidade de óleo chegou por lá. As praias estão limpas e sem nenhum sinal aparente de manchas”, informa a agência. A produção do Réveillon N° 1 elaborou um FAQ no site do evento, com as principais dúvidas sobre a chegada de óleo e os impactos na região.

Nas redes sociais estão respondendo às dúvidas e interações sobre o assunto, sempre repassando as informações obtidas com a prefeitura, a Secretaria do Meio Ambiente e os órgãos responsáveis por Itacaré. A expectativa é de que, durante os cinco dias de evento, ocorra uma movimentação de R$ 30 milhões na economia da cidade.

Para Ricardo Freire, do blog Viaje na Viagem, é preciso ter cautela na comunicação. Para ele, as notícias, muitas vezes, não refletem a realidade. Ainda que seja grave, Freire atenta que chegou a ver uma reportagem onde a imagem da praia não correspondia ao lugar indicado.

Saída
Uma saída para manter a população informada e incentivar o turismo local seria, segundo ele, uma estratégia já conhecida pelos órgãos públicos. “Comunicar isso de forma eficiente e constante, como ocorre com testes de balneabilidade em comparação à sujeira. É aplicado no país todo, mas com a fórmula direcionada ao petróleo e determinando qual a margem de segurança da presença de resíduos na água. Muita gente acha que o mar virou Chernobyl, mas ele está renovando, não há uma fonte constante de contaminação e isso não está sendo falado”, aponta.

Segundo Gustavo Bueno, da Forma Turismo, há um trabalho em parceria com os órgãos públicos de Porto Seguro, na Bahia. “Estamos esperando um posicionamento da prefeitura para sabermos o que está acontecendo. Se realmente for constatado que o óleo chegou, com certeza trabalharemos a comunicação para ajudar a cidade. Nossa temporada em Porto não se resume a julho e outubro, o ano inteiro colhemos notícias, estamos com a prefeitura justamente para termos ações boas para o destino.”

De acordo com Bruno Wendling, presidente do Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo (Fornatur), a entidade não tem recursos próprios para poder implementar uma campanha, ainda assim vem desempenhando papel de mediador entre diferentes setores públicos.

“Atuamos no sentido de criar pontes entre o Ministério e os secretários do Nordeste para que tivessem um encaminhamento prático. O que precisava ter era o combate, que parece que houve, mas com certo atraso, do Governo Federal e nivelar a informação. Cabe agora a cada estado fazer o seu trabalho para que os turistas não se sintam preocupados e vejo que isso tem sido feito de forma boa e célere por parte das secretarias”, diz.

Por telefone, a assessoria de comunicação do Ministério do Turismo informou que está fazendo um diagnóstico da situação e prepara uma campanha específica para os estados que foram atingidos no sentido de “incentivar e informar” a população. O órgão não informou, porém, qual a previsão de veiculação da campanha e detalhes sobre a comunicação, como o tom das peças e onde serão divulgadas.