Para Mario D’Andrea, presidente da Abap (Associação Brasileira das Agências de Publicidade), as expectativas para este semestre são positivas, por conta do avanço da imunização e o crescimento da atividade econômica projetado por um PIB de 5% em 2021. Segundo ele, um indicador prévio desse aquecimento é a contratação, ou a recontratação, pelas empresas de comunicação. “Estudos recentes da PwC e o Ad Spend Report da Dentsu sobre o mercado brasileiro apontam para uma retomada nos patamares pré-pandemia. Os números do primeiro trimestre do Cenp-Meios já mostram essa retomada, mas vamos aguardar os relatórios que devem ser publicados no começo de setembro para ver se os números se mantêm e se esse crescimento se confirma”, diz. Ele lembra que a atividade publicitária reflete o consumo das famílias brasileiras e, segundo o IBGE, o consumo das famílias caiu mais de 5% em 2020.

D’Andrea não acredita que a queda de dois dígitos em 2020 deva ser integralmente recompensada. Mas acha que o mercado cresça acima da inflação prevista para 2022. “O painel Cenp-Meios identificou que, no Brasil, os investimentos em publicidade mais impactados em 2020 foram o out of home, turismo/viagens, eventos, entre outros segmentos influenciados diretamente pelas medidas de restrições de circulação de pessoas
nos espaços públicos e privados”, comenta. No entanto, para o próximo ano, segundo ele, esse não deve ser um evento recorrente.

Quando perguntado se há indicadores que apontem que as agências podem estar saindo do sufoco, ele fala que a Abap destaca dois pontos de atenção que precisam ser corrigidos: “Agências de publicidade não são bancos e o desempenho do ano passado impactou fortemente a geração de caixa. É fundamental que os prazos de pagamentos sejam compatíveis com as entregas realizadas, atuando como um impulsionador dos negócios em toda a cadeia”, garante, explicando o outro ponto que vai na direção do ambiente saudável nos negócios, que é a cooperação de todas as partes para manter não só o que foi ajustado nos contratos, como buscar um ponto de equilíbrio para as demandas. “Nosso segmento é formado por pessoas e precisamos preservar a saúde mental das equipes. Abap, Fenapro e Abradi divulgaram um manifesto alertando para o impacto que demandas excessivas por parte dos clientes está causando sobre as equipes das agências”, recorda.

O presidente da Abap fala ainda do sistema de trabalho híbrido que muitas agências já adotaram. Segundo ele, as agências se adaptaram rapidamente ao trabalho remoto e depois ao formato híbrido, entretanto, lembra que as áreas de criação “sofreram um pouco mais, principalmente na falta de ‘fricção criativa’ presencial entre os pares de trabalho”. “Mas seguimos acompanhando as orientações das autoridades sanitárias, recomendando fortemente que todos se vacinem e torcendo que as doses sejam eficazes também para as variações do vírus”.