Luana Génot (Divulgação)

O Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), que tem o objetivo de acelerar a promoção da igualdade racial no mercado de trabalho, realizou um novo levantamento para mapear a atual situação financeira das mulheres negras diante da pandemia da Covid-19.

A primeira fase da pesquisa foi realizada no início das medidas de isolamento, em abril de 2020, e além de mostrar como as mulheres estavam lidando com a crise, apresentou soluções de curto e médio prazo.  O novo estudo foi realizado entre os dias 9 e 16 de julho e elaborado e desenvolvido por seis pesquisadoras negras. A pesquisa completa já está disponível aqui.

O levantamento recebeu um total de 369 respostas válidas. Dentre estas, 83% das mulheres se autodeclararam pretas (segundo definição do IBGE), o que aponta o quanto mulheres negras de pele mais retinta tendem a não ser absorvidas pelo mercado de trabalho. Quando cruzado com o perfil de empreendedorismo, os dados apontam que 60% são empreendedoras por necessidade e desse total, 15% empreenderam a partir da quarentena, pois perderam o emprego ou tiveram a fonte de renda reduzida.

Entre as respondentes, 81% perceberam mudança de comportamento, com impacto na saúde mental, durante o isolamento. Dessas mulheres, 45% apontaram que precisam de apoio psicológico e entre o grupo que é formado por “mães solo”, 45% indicaram que seu adoecimento mental foi gerado por questões financeiras.

Ainda entre as empreendedoras, 41% vivem do retorno de sua produção e/ou serviço e 30% do Auxílio Emergencial, concedido pelo Governo Federal. A primeira fase da pesquisa indicou que o Auxílio Emergencial não seria o suficiente para garantia das despesas, mas conforme as restrições de isolamento aumentaram e a quarentena se prolongou, o valor de R$600,00 mensais se tornou indispensável para a manutenção do sustento de muitas dessas mulheres e suas famílias.

“Através dos dados apontados nesta pesquisa, entendemos que a situação financeira, emocional e psicológica da mulher negra é definitivamente delicada. Isso deveria servir como um estímulo para que as instituições e a sociedade construam mecanismos e políticas públicas e privadas que apoiem a subsistência dessas mulheres para uma futura recolocação no mercado de trabalho ou até mesmo no incentivo aos seus negócios. É importante termos em mente que a condição financeira deste grupo tende a se agravar à medida em que esse período atípico que estamos vivendo se estende. Precisamos olhar para elas”, concluiu Luana Génot, diretora-executiva do ID_BR.