O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) e a coalizão Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável lançam nessa semana uma nova campanha sobre a atualização da rotulagem de alimentos no Brasil. Desde 2014 as entidades lutam para aprovar um modelo com advertência nutricional na parte da frente das embalagens de alimentos. A Anvisa vai tomar a decisão sobre a questão no próximo dia 7. A ação já está no ar em mídia on-line e redes sociais.

Protagonistas das peças da nova campanha, o “refri”, o “salgadinho” e a “barrinha de cereal” representam o açúcar, o sódio e a gordura saturada dos alimentos processados. Desenvolvida pela Repense, a comunicação traz o conceito de que os alimentos ultraprocessados são culpados de esconder essas informações nutricionais, e exige informações mais abertas sobre a composição desses produtos ao consumidor.

Segundo relatório de 2019 da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), “Alimentos e bebidas ultraprocessados na América Latina: vendas, fontes, perfis de nutrientes e implicações”, o acréscimo na venda de produtos com esse perfil se associa diretamente a aumentos no peso corporal, indicando que eles favorecem taxas de sobrepeso e obesidade da população.

Por isso, o Idec e a Aliança pedem mais clareza nos rótulos desses alimentos para que o consumidor saiba exatamente o que está consumido e tenha oportunidade de optar por escolhas mais saudáveis. A proposta é de uma rotulagem nutricional de alimentos, que propõe a aplicação de triângulos de advertência sobre o excesso de nutrientes prejudiciais à saúde na parte da frente das embalagens dos alimentos.

Segundo Teresa Liporace, diretora-executiva do Idec, há dificuldade em localizar e compreender dados que deveriam guiar melhor as escolhas alimentares. “No ano passado, a Anvisa abriu uma consulta pública para que a população pudesse opinar sobre qual é o melhor modelo de rotulagem para o Brasil. A população brasileira declarou que a melhor opção é a de alerta proposto pelo Idec. Estamos confiantes de que a Anvisa atenderá a esse anseio popular!”, comentou Teresa.

Teresa Liporace é presidente do Idec (Divulgação)

Em uma pesquisa realizada pelo Idec com o instituto Datafolha em 2019, 82% dos participantes conseguiram identificar corretamente qual era o alimento mais saudável a partir dos rótulos de advertência em formato de triângulos. Já com o modelo de lupa, defendido pela Anvisa, apenas 64% conseguiram responder corretamente.

Além de dar continuidade à petição para que a agência revise o atual modelo de rotulagem brasileiro – documento do Idec e Aliança que já reúne mais de 90 mil assinaturas a favor da nova versão -, a proposta da nova campanha é demonstrar de forma mais contundente os malefícios dos alimentos ultraprocessados à saúde da população. “A campanha anterior tinha um caráter mais educativo para o consumidor. Agora, em uma fase mais direcionada que exige um posicionamento decisivo do governo, trazemos uma maior força visual, mais lúdica para impactar o consumidor e engajá-lo na causa”, comenta Alexandre Ravagnani, diretor-executivo de criação da Repense.

A campanha multiplataforma está no ar nas redes sociais, com banners e conteúdos online e ainda prevê peças de mídia OOH, mídia indoor e filme para pay TV.