Assumir posicionamentos se tornou parte importante da estratégia de marketing de anunciantes que desejam aproximação relevante com o consumidor. Mas essa apropriação de causas precisa ir além do discurso. É o que defenderam os painelistas que participaram do debate “Inclusão de gênero e diversidade na propaganda – 2ª Rodada”, durante o Festival do Clube de Criação, neste sábado (16), em São Paulo.

Participaram do debate o mediador André Fischer, country manager da Hornet e diretor do festival Mix Brasil, além de Ana Cortat, cofundadora da Hybrid CoLab New Behaviour Driven, o DJ Johnny Luxo, Maíra Liguori, cofundadora do Think Eva, Neon Cunha, diretora de arte e designer gráfica e Samantha Almeida, marketing communications e digital content strategy da Avon.

Alê Oliveira

Maíra abriu os debates explicando a atuação do Think Eva, consultoria especializada em “endereçar a comunicação de forma mais humana para mulheres”, como destacou sua fundadora. “Olhar para eixos da publicidade, atender recortes, falar com os públicos respeitando as demandas. Esse é nosso papel. As mulheres são 51% da população, os negros são 54%. Esses públicos não são de nicho. Estamos lidando com a maioria da população que é muito diversa”, explicou a profissional.

Em contrapartida, Maíra lembra que “a publicidade é feita por pessoas homogêneas e tem dificuldade de falar de forma menos estereotipada. Não dá mais para fingir que estamos na bolha e que ninguém vai responder ou aceitar as mensagens como única verdade”. Para Ana Cortat, a qualidade das nossas pegadas no mundo é a grande discussão deste século e é também papel das empresas que as causas abraçadas também sejam trabalhadas internamente.

Como exemplo, a executiva destacou a nova postura inclusiva do Twitter para seu programa de trainee. A empresa de tecnologia abriu seu leque de faculdades aceitas, além de não exigir mais o inglês de seus candidatos. “Diversidade tem que ser estrutural. Não só de campanha publicitária porque essa é só uma ponta”.

A executiva chamou atenção também para o cenário de intolerância generalizada que inviabiliza os debates e a comunicação. Citando a pesquisa Edelman Trust Barometer 2017, Ana lamentou o momento de erosão de crenças onde as pessoas estão quatro vezes menos dispostas a mudar de ideia. “Não aprendemos a dialogar, a aprender, defender pontos de vista. Não aprendemos a ouvir, aprendemos a reagir”.