O estudo anual “Diversidade na Comunicação de Marcas em Redes Sociais” mostrou que houve um aumento de quatro pontos percentuais na representação da população negra ou parda na publicidade. O número passou de 34% para 38% no total das publicações analisadas pelo levantamento.

Entretanto, segundo a Elife e a agência SA365 – autoras do levantamento –, o grupo está sub-representado, uma vez que negros e pardos compõem 56% da população brasileiro, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD).

Das publicações com pessoas negras, cerca de 48% foram feitas pelo setor financeiro e traziam um tom de superação das dificuldades trazidas pela pandemia, mostrou o estudo. Além disso, destacam-se na comunicação com negros o setor de higiene pessoal e beleza, e de cervejas.

“O aumento da presença de negros, por exemplo, vem associado a um discurso negativo, ligado à ideia de crise e superação econômica no contexto da pandemia. Essa representação reforça os estereótipos de quem é bem-sucedido ou não no Brasil e coloca a população negra em um papel secundário”, diz Aline Araújo,  gerente de projetos da Elife.

Ator Milton Gonçalves como Papai Noel na campanha ‘Black Santa’, da WMcCann para a Coca-Cola: leão em Cannes 2021 (Divulgação)

Mas não somente negros e negras foram sub-representados. Enquanto pessoas brancas, que são em seu total 44% da população brasileira, segundo a PNAD, aparecem em 74% das publicações. Outros grupos que fazem parte do estudo (negros ou pardos, LGBTQIA+, pessoas com deficiência, gordos e idosos) aparecem em menor quantidade do que sua representatividade no país.

Pessoas LGBTQIA+ tiveram sua presença diminuída em um ponto percentual em 2020 quando comparada com 2019 (3% este ano contra 4 % no ano anterior), ainda que com o tradicional pico de ações com e para o público no mês do de julho. 

Também foi avaliada a presença de PCDs, que estiveram presentes em 1% das publicações, bastante aquém dos 23% indicados pelo IBGE. Asiáticos amarelos tiveram representatividade de 2% e a presença de grupos indígenas foi de 1% na pesquisa.

METODOLOGIA
Para este estudo, foram analisados 1902 posts no Instagram e Facebook com 50 marcas feitas pelos 20 principais anunciantes brasileiros entre janeiro e dezembro de 2020. As imagens foram classificadas quando havia a identificação de pessoas representantes de cada um dos grupos analisados, sendo que negros de pele clara e retinta foram incluídos na mesma categoria. No caso dos PCDs foram consideradas apenas representações que mostravam esse grupo de maneira explícita.