VictorHuang/iStock

O mercado publicitário trabalha com o cenário de que o pior já passou, mas notícias como a diminuição da nota de crédito do Brasil de “B” para “BB-”, de acordo com a Standard & Poor’s, ainda causam aflição a executivos e empreendedores do setor. Consultada pela reportagem do PROPMARK, a empresa de informação de crédito Boa Vista SCPC traz boas notícias em relação à retomada do consumo e avalia como “bastante otimista” o cenário para as companhias este ano.

Dados divulgados pela empresa na semana passada indicam que o índice de inadimplência do consumidor caiu 3,5% em 2017. Se considerado apenas o mês de dezembro de 2017, a queda foi de 6% na comparação com o mesmo mês de 2016. Outro indicador importante é o de recuperação de crédito (quantidade de exclusão de inadimplentes na base de cadastros da Boa Vista SCPC). Em dezembro do ano passado, houve alta de 11% nesse índice na comparação com 2016.

Na prática, após o pico de inadimplência depois da crise de 2015 e 2016, as famílias se tornaram mais cautelosas no consumo no ano passado. A partir de 2018, no entanto, a projeção é de crescimento mais sustentável, ou seja, sem aumento de inadimplentes. “Com a perspectiva de crescimento gradual da economia e renda, juros menores e inflação controlada, espera-se uma retomada sustentável da demanda de crédito, expandindo a renda disponível das famílias, fatores que deverão colaborar para a manutenção de um ritmo estável do estoque de inadimplência em 2017”, afirma Flávio Calife, economista da Boa Vista SCPC.

A volta do consumo, aliada à melhoria de indicadores econômicos, impacta imediatamente no cenário em que as empresas navegam. “Revertida a situação, com pessoas retomando consumo, as empresas já começam a presenciar melhoria de receitas e garantias, entre outros fatores. Além de uma perspectiva muito mais favorável de juros e inflação que, juntos, contribuem para diminuição dos riscos de mercado. O cenário para 2018 no caso das empresas é bastante otimista”, analisa o profissional.

Embora haja bastante burburinho em relação a eventos como Copa do Mundo e eleições, Calife é reticente sobre o real impacto dessas situações para o crédito às pessoas e, consequentemente, para a movimentação da economia do Brasil. “Apesar de observamos um aumento de consumo durante esses eventos, o histórico não nos permite afirmar que no mercado de crédito existam descompassos, como excesso de oferta ou de consumo por exemplo”, argumenta.

Lições de 2012

Embora o auge da crise de consumo, que tanto impactou as empresas e o mercado publicitário, tenha sido entre 2015 e 2017, é de 2012 que vêm as principais lições para uma nova fase de crescimento do país. Naquele ano, ocorreu o último grande ciclo de inadimplência do Brasil, ocasionado pelo excesso de oferta de crédito em apenas um setor: automobilístico. As vendas, na época, dispararam, mas a inadimplência acompanhou esse movimento. “Os concedentes de crédito rapidamente alteraram o mix de suas carteiras, ofertando crédito em linhas mais seguras, como consignado e imobiliário. Dessa forma, juntando o histórico de cautela recente do consumidor e o aprendizado dos ofertantes em 2012, dá para afirmar que a responsabilidade no uso do crédito já é um fato em nossa economia”, avalia.

Assim, em linhas gerais, a demanda por crédito havia caído 10% ao fim de 2016 na comparação com o ano anterior, e ainda fecha 2017 com queda de 1,4% (considerando o acumulado de 12 meses até novembro, o dado mais atual). Mas vai retomar níveis positivos já nos primeiros meses de 2018. Após o choque dos últimos anos, os indicadores da Boa Vista SCPC apontam que os próximos 12 meses trarão mais dinheiro para o crédito, o que certamente se reverterá em ampliação do consumo, aumento das receitas das empresas e das verbas publicitárias, fechando um ciclo positivo que é o sonho de dez em cada dez executivos do mercado.