Paulo Garcia: “Com a pandemia, muitos mitos em relação à animação foram quebrados”/Foto: Divulgação

O D&AD 2021, que será realizado entre os dias 25 e 28 de maio, terá 21 brasileiros nos júris, cujo julgamento será virtual mais uma vez devido à pandemia. A partir desta edição, o PROPMARK começa a publicar entrevistas com esses profissionais, que falam sobre suas expectativas com o festival e pontos de vista sobre o mercado. Paulo Garcia, diretor da Zombie Studio e Blinkink, que vai presidir a categoria de Animation, dá início à série. Pela primeira vez no júri do D&AD, Garcia acredita que o mercado de animação continuará forte e crescendo, impulsionado pelo período da pandemia, em que as marcas e agências ficaram impedidas de filmarem e o recurso foi utilizado como nunca antes na propaganda. “Minhas expectativas são mais relacionadas à quantidade e qualidade dos filmes de animação que teremos de julgar”, disse ele. Confira a seguir o seu depoimento.

EXPECTATIVAS
Já tive a oportunidade de ser jurado em outros festivais, mas do D&AD esse será meu primeiro ano. Até o momento a experiência tem sido incrível, o profissionalismo e a recepção da equipe são fantásticos. Aguardando agora ansiosamente pelo julgamento, em si, que este ano será virtual mais uma vez em decorrência da pandemia.

JULGAMENTO
Hoje boa parte dos julgamentos, seja no D&AD ou em outros festivais, já começa online e os jurados têm mais tempo e concentração para assistirem a todas as peças e já formar uma pré opinião sobre o que achamos que deva seguir para o shortlist e, consequentemente, para a premiação. Minhas expectativas este ano são mais relacionadas à quantidade e à qualidade dos filmes de animação que teremos de julgar. Com a impossibilidade de se filmar durante a pandemia, a animação acabou sendo a opção das agências e marcas para se comunicar. Ouso dizer que nunca antes um volume tão grande de animações foi produzido ao redor do mundo. Com isso, teremos pela frente uma longa jornada de julgamento, mas empolgante ao mesmo tempo.

GAMES
A categoria Animação abrange única e exclusivamente filmes de animação, muitas vezes o que temos relacionado ao mercado de games são filmes de lançamento de jogos, mas nada além disso. Acho que Games deve ser a próxima categoria a existir, uma vez que grandes marcas hoje anunciam nessas plataformas, basta ver o exemplo do Fortnite e a quantidade de ações de marcas feitas dentro do game.

MITOS
Com a pandemia, muitos mitos a respeito da animação foram quebrados. Agências e clientes puderam conhecer mais de perto o processo de produção de um filme de animação, que eu particularmente acho mágico, uma quantidade enorme de arte é produzida para se criar esses novos mundos e personagens e também o potencial abrangente que eles têm de se comunicar com o público. Acho que, como consequência da pandemia, o mercado seguirá forte e crescendo.

BRASIL
O Brasil tem um histórico muito positivo na categoria, internamente produzimos poucos filmes para o mercado nacional que podem concorrer com grandes comerciais lá de fora, mas foram muitas as produtoras brasileiras que aproveitaram o fim das barreiras geográficas que a pandemia nos proporcionou e produziram grandes filmes para o mercado internacional. Nós mesmos tivemos três dos nossos maiores filmes produzidos ano passado noticiados e premiados pelos meios, não só pela ideia, mas também pela qualidade do craft e pude notar o mesmo fenômeno em outras produtoras brasileiras. Acho que temos grandes chances de conquistar prêmios para o Brasil dessa forma.

CASES DE DESTAQUE
Womb story, para Libresse, é uma maravilhosa continuação da campanha Viva la Vulva; John Lewis, como sempre, surpreendendo no Natal com um filme lindo com diversos estilos de animação combinados; e Love Story, para Viagra, que produzimos para VML de Londres, além de carregar uma mensagem linda quebrando tabus no setor, também veio muito bem acompanhado de um craft visual único que lhe rendeu a 5ª posição entre os melhores trabalhos de 2020 pela Campaign.

RELEVÂNCIA
O D&AD tem toda importância possível, não recebe esse rótulo de festival mais criterioso à toa. Todo ano pouquíssimas peças são premiadas, o que significa menos lugar para política e mais espaço para o critério. Isso me impressiona. Ganhar um Lápis é a certeza incontestável da qualidade da peça e com certeza uma das maiores honras profissionais pra qualquer profissional.