É um tema recorrente questionarmos o futuro das empresas onde atuamos: qual sua relevância, existência, perenidade, etc. Olhamos as maiores empresas há 3 ou 4 décadas e ao comparmos com os dias de hoje constatamos que quem hoje domina os mercados talvez nem sequer existisse há uma ou duas décadas. Uber, Netflix, WhatsApp, Instagram, Facebook ou Airbnb (e Google, Apple, etc.) são apenas exemplos visíveis e mediáticos das transformações que o mundo empresarial enfrenta regularmente.

A PWC fez, em 2014, um interessante estudo sobre o perfil dominante das empresas no futuro (encontre o estudo completo aqui:); a BCG publicou vários papers sobre como devemos analisar o futuro empresarial; várias empresas de consultoria têm dedicado tempo a olhar para este tema (nós, inclusive).

Lynda Gratton, autora de “A Mudança: o Futuro do Trabalho Já Chegou”, sistematizou em 5 grandes drivers (mudanças) aquilo que as empresas precisam considerar em seus futuros se quiserem sobreviver.

A ‘força tecnológica’ vem em primeiro e parece ter sido a lógica mais acertada, uma vez que esta é encarada como um dos principais alicerces do mundo atual, bem como do mundo que virá. Ainda que nem todas as pessoas tenham acesso à tecnologia, o número de pessoas ligadas virtualmente tem crescido significativamente em poucos anos. Estima-se que, em 2025, 5 bilhões de pessoas estejam ligadas, uma vez que pode criar uma consciencialização e familiarização globais com a internet. Muito em breve, todos nós estaremos interligados e nos comunicaremos via internet, partilhando todo o tipo de informações, com grande relevo no que diz respeito às empresas, que trabalharão quase 100% via mundo virtual. Locais como salas de reuniões ou empresas físicas poderão mesmo deixar de existir.

 A segunda força é a da ‘globalização’. Esta força é a mais poderosa e a mais abrangente de todas, pois de certo modo, compreende todas as outras. É devido à globalização que tudo o resto acontece: que a tecnologia evolui, se expande e chega a mais pessoas; que os parâmetros e as necessidades da sociedade se alteram e o mundo avança.

A terceira força é a da ‘Demografia e Longevidade’. Esta força “está relacionada com quem está tendo bebês e com o tempo que esses bebês vão viver. Está relacionada com o número de pessoas que trabalham e durante quanto tempo. Está relacionada com as quatro gerações e como vão amar-se e possivelmente, odiar-se umas às outras”.

 A quarta força é a ‘força da sociedade’ e como é que a sua estrutura pode ser fortemente alterada. Embora a nossa essência e os nossos valores enquanto seres humanos se mantenham inalterados, os meios que usamos para atingir determinados fins modificaram- se. Os indígenas das tribos continuam a pescar como antigamente, mas atualmente usam uma telefone para se comunicar com as mulheres que ficam nas habitações. Como este, existem muitos outros exemplos que ilustram esta continuidade de padrões e valores, aos quais se adicionou um pouco de tecnologia.

A última das forcas é a dos ‘recursos energéticos’. A luta dos governos a fim de proteger e até monopolizar as energias vai, por um lado, provocar escassez de recursos e, por outro, reforçar a premissa e a consciência da preservação e bom uso das energias, que deverá resultar numa divisão justa dos recursos por toda a população mundial.

 Os mais críticos poderão até pensar: nada de novo. De fato, pouca novidade há nestes estudos e nestas publicações (pelo menos para mim). Mas ficam duas perguntas para reflexão:

  1. Se todos sabem isso,  por que poucos se preocupam com esta realidade para o futuro?
  2. O que a sua empresa está fazendo para se antecipar e a aproveitar o que de bom estes insights trazem? (acredito que pouco ou nada não é?)

Luis Rasquilha é CEO da Inova Consulting e da Inova Business School