Alê Oliveira

Nem sempre foi assim. Mas o programa de tevê com a saudosa Hebe Camargo, muito colaborou ainda nos anos 70, para que fosse atingido esse clímax.

Ele muito ajudou em nosso país a influenciar o tratamento que a propaganda dedicava às mulheres, do maior respeito, alegria e participação nos costumes da época.

Mas, era necessário fazer com que as campanhas publicitárias e até mesmo peças isoladas modificassem o foco no aproveitamento dos testemunhais femininos. Não mais apenas donas-de-casa, chefas-de-família e outras atividades do amplo universo feminino, mas também retratando uma equiparação aos homens que já se prenunciava.

A partir daí, dessa atividade mágica com nome feminino, elas subiram muitos degraus nessa luta, quebrando tabus através do uso inteligente do ferramental da comunicação comercial.

Sim, tivemos muitos movimentos em diversas partes do mundo, com mulheres fortes bradando contra a desigualdade. Muitos deles eram notícias na mídia, mas nada foi mais poderosa do que a inclusão da mulher pela propaganda e aqui me refiro às milhares de mulheres publicitárias espalhadas pelas agências e departamentos próprios dos cinco continentes.

Nessa questão, que para mim foi a consolidação da mulher dona do seu próprio nariz, a atividade publicitária foi decisiva para equilibrar a balança homem-mulher.

Quando os anunciantes do mundo todo resolveram aprovar em massa campanhas e peças publicitárias que transformavam a dona de casa em profissional ou empresária, fazendo com que trocasse figurativamente a amamentação por criativos anúncios e campanhas de leite em pó, surgia silenciosamente uma nova mentalidade na maioria dos povos que habitam o planeta.

Que fique bem claro que não estou aqui rebaixando os movimentos femininos, as queimas de sutiãs e dezenas de outras simbologias que marcaram uma época.

Mas há que se reconhecer o trabalho incessante da atividade publicitária e sua importância para a chamada emancipação feminina.

Há quase meio século escrevendo sem parar sobre publicidade, tive o privilégio de observar atentamente as forças paralelas que emanam da propaganda. Sem dúvida, a principal ainda reside no velho binômio que simplifica a finalidade publicitária comercial, que se resume na venda de produtos e serviços.

Mas, para que o resultado seja completo e o sucesso ocorra, há um conteúdo educativo paralelo às simples mensagens comerciais.

Foi esse conteúdo, a meu ver, que perpassou a maioria das campanhas e peças publicitárias com foco nas mulheres, que as fez abrirem seus olhos e por consequência suas mentes para um direito inalienável do ser humano, masculino ou feminino: todos somos exatamente isso, seres humanos que se completam em uma das principais missões que nos cabem e que tratamos eufemisticamente de reprodução da espécie, para que não desapareça.

***

Armando Ferrentini é presidente da Editora Referência, que publica o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda (aferrentini@editorareferencia.com.br).