O maior festival de criatividade do mundo cresceu tanto ao longo dos últimos anos que já não cabia mais no Palais des Festivals. O primeiro movimento foi de alguns patrocinadores e veículos que começaram a se instalar nos hotéis da região da Croisette, procurando atrair os delegates para atividades só suas.

Agora, além da orla da Croisette, já ocupada por diversas empresas com estruturas pé na areia; as cabanas, instaladas no calçadão da praia; e os iates, também alugados por patrocinadores e usados como estandes flutuantes; a própria organização montou o seu local de credenciamento fora do Palais, na área da Gare Marítima de Cannes.

E assim, a área do subsolo do Palais, onde havia a maior concentração de delegates no passado, ganhou um ar meio de galeria, onde são expostos os trabalhos finalistas nas 26 categorias, praticamente sem estandes de patrocinadores.

O bochicho agora fica mais espalhado. A grande concentração se dá nas imensas filas para os dois principais auditórios (Debussy e Lumière), onde são realizadas as palestras mais concorridas.

Fora isso, o público se espalha pelo Palais II, o Terrace, o Innovation Stage, o Interactive Stage, a Palais Beach, onde ocorrem as happy hours diárias e a Carlton Beach, onde são realizadas as festas de abertura e de encerramento.

As maiores estruturas fora do Palais são as dos megapatrocinadores. O Google montou uma superestrutura com paralelas, além de atividades interativas e diversas opções de entretenimento para os delegates.

O Facebook não ficou atrás: além de palestras paralelas, é lá que muitos delegates vão fazer uma boquinha na hora do almoço, onde são servidas saladas, frios, bebidas e sobremesas.

A The Economist, por sua vez, também montou uma estrutura na praia para receber os delegates para excelentes painéis na sua programação matinal Wake Up With The Economist.

A Havas se instala no espaço externo de um dos hotéis. O Twitter também cria o próprio espaço, junto à praia. Com tanto conteúdo paralelo, o Cannes Lions criou uma nova forma de participação – a networking – que, a um custo mais baixo, oferece a oportunidade àqueles que se propõem a curtir o clima do festival fora do Palais.

Com tudo isso, o Cannes Lions vem ganhando ares de SXSW, com atividades cada vez mais espalhadas pela cidade. E há ainda o universo paralelo de lazer e entretenimento, que ninguém é de ferro.

Há as inúmeras festas que ocorrem todos os dias nos hotéis, iates e espaços alternativos.

E não dá para não frequentar a região do Le Suquet, uma das mais antigas de Cannes. Situado no monte Chevalier, o local se assemelha ao Pelourinho, de Salvador. Daí ser conhecido pelos brasileiros frequentadores do festival como Pelourin (ou Pelorãn).

No subir e descer das suas estreitas e íngremes ruas, é possível encontrar muitos delegates por lá à noite, para jantar ou bebericar nos seus vários bares e restaurantes, ainda com a luz do dia, já que nessa época começa a escurecer por volta das 21h.

É, sem dúvida, um dos locais mais animados de Cannes. E a poucos quilômetros de Cannes estão cidades que também merecem a visita dos delegates.

Temos Monaco, Saint Tropez, Saint Paul de Vence, Juan le Pins, Grasse (concentração de produtoras de perfumes), além da ilha de Sainte-Marguerite, onde está a antiga prisão que abrigou o lendário Homem da Máscara de Ferro. Em 15 minutos se acessa a pequena ilha, por barco.

Enfim, acompanhar toda essa farta programação é uma tarefa difícil para a cabeça e o corpo. O resumo é: o festival encolheu para cinco dias (segunda a sexta), mas as atividades não. A gente volta do Cannes Lions de ressaca, de corpo e de mente.

Demora uns dias para processarmos tudo, mas é um investimento que vale cada centavo.

Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro (Federação Nacional de Agências de Propaganda) (alexis@fenapro.org.br)

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