E lá vamos nós para mais uma edição do Cannes Lions. A 65ª do festival. Ao completar 65 anos, o evento poderia se aposentar, mas o tiozão Cannes Lions mostra vigor e juventude para seguir adiante por muitos mais anos.

Depois da sacolejada do ano passado – leia-se dissidência momentânea do Grupo Publicis e algumas declarações de Martin Sorrell –, o evento fez a sua reengenharia e parte para um período mais curto, restringindo-se à semana de trabalho (de segunda a sexta-feira).

A redução de período atende à reivindicação de muitos para tornar a conta de participação menos salgada, já que esta é a alta temporada de turismo por lá e os preços de passagens e hospedagem são altos – e pagos em euros.

Apesar da redução de período, o evento continua provendo um volume de conteúdo e atividades que nos deixa a todos pressionados para organizar uma participação que acompanhe a essência do festival.

Já sabemos que teremos de fazer escolhas de Sofia o tempo todo, já que há muitas atividades simultâneas, não somente no Palais, mas também nas imediações, ocupando a praia, cais e hotéis da Croissette. O “problema” é que todas as atividades são bacanas. Daí a sensação inevitável de FOMO. E o número de categorias continua alto: 26. As cerimônias de premiação serão realizadas todas as noites do festival.

As novidades do festival incluem uma organização de conteúdo e premiações em 9 “tracks”: Communication, Craft, Entertainment, Experience, Good, Health, Impact, Innovation e Reach.

Isso ajudou na decisão de inscrições e também ajudará nas escolhas de palestras, seminários, fóruns durante o evento.

Outra novidade é o limite de seis categorias por case inscrito. Assim espera-se evitar o que vinha ocorrendo de um único case excepcional voltar de Cannes com dezenas de Leões.

Se bem que não há limites para inscrições em subcategorias. Mais uma decisão que responde a críticas recorrentes é a de julgar cases relacionados a instituições sociais e beneficentes, além de ONGs em separado.

Ou seja, cases relacionados a marcas e produtos do mercado não perderão Leões para aqueles ligados unicamente a causas sociais. Tudo isso para tornar o valor da conquista de um Leão mais relevante.

Quanto à participação de brasileiros, espera-se que a turbulência sócio-política no nosso país não tenha inibido a inscrição de peças e de delegates tupiniquins. Afinal, o Brasil está sempre entre os três países mais importantes em termos de inscrições, tanto de trabalhos, como de delegates.

Tem ainda o agravante Copa do Mundo. As maiores agências brasileiras têm clientes envolvidos em propriedades ligadas à Copa e isso pode ter influenciado na decisão de quantos profissionais ficarem ausentes do headquarter ao longo de uma semana, bem no meio da Copa.

Durante o período do festival haverá um jogo do Brasil, no dia 21, bem no meio da tarde no horário de Cannes. Não há dúvida que a brazileirada vai parar pelo menos duas horas para acompanhar o segundo jogo do Brasil contra a Costa Rica.

O Brasil, aliás, baterá recorde de representatividade no corpo de jurados. Se somarmos os brasileiros que vivem fora do país, o número é o mais expressivo de todos os tempos.

Eu, particularmente, vou a Cannes sempre com muita expectativa e preparado para muito trabalho, já que, representando a Fenapro, graças a uma parceria com o Estadão – representante do festival no Brasil –, tenho a obrigação de montar uma apresentação do melhor do Cannes Lions para um roadshow pós-evento, correndo cidades brasileiras, apresentando os cases mais bem-sucedidos e as tendências observadas no megaevento.

Durante o evento, organizaremos também um encontro de brasileiros com o Managing Director do festival, José Papa Neto. Para quem não vai para Cannes, há a novidade de um passe para acompanhar o evento por módicos 99 euros. Para os que vão, até lá!

Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro (Federação Nacional de Agências de Propaganda) (alexis@fenapro.org.br)

Leia mais
Você é um comunicador que não sabe se comunicar?
Uma discussão sobre o poder do conteúdo