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Konrad Dantas, o Kond, é o nome por trás da popularização do funk e da cultura periférica do jovem brasileiro. Fundador da KondZilla (que engloba o maior canal brasileiro do YouTube, uma plataforma de conteúdo, a KondZilla Filmes e a KondZilla Wear), o diretor ganhou relevância ao adaptar suas produções a uma linguagem que se conecta com marcas e com o público mainstream. Atualmente, Kond assina ainda a direção geral da primeira temporada de Sintonia, série original Netflix, e é diretor criativo da marca de vodka Orloff. Ao PROPMARK, Kond falou a respeito das parcerias com anunciantes e sobre o impacto das novas gerações na realidade do mercado. Acompanhe:

Trabalho com marcas
A ideia era trabalhar com marcas desde o início, mas como eu não tive a oportunidade de estudar em uma faculdade, como eu não tive nenhum amigo que era parente do VP de marketing, então, eu sabia que não conseguiria acesso a esse universo. As marcas começaram a se distanciar do público, e é por isso que precisam do artista para validar seus discursos. No começo, a KondZilla não foi atrás de nenhuma marca, elas que vieram atrás da gente. Foi só recentemente, há alguns meses, que montamos um departamento comercial que prospecta esses grandes anunciantes. O nosso objetivo é sempre contribuir com uma nova visão, mas quem paga é quem manda. A gente fala sobre o que acreditamos, mostramos dados, explicamos o que deu certo ou errado em nossa experiência, mas quem vai tomar a decisão final é o cliente.

Orloff
A parceria surgiu através de um convite deles e eu fiquei muito feliz porque estava buscando esse reconhecimento do mercado. Desde o anúncio, criamos as redes sociais da marca e trocamos as cores do produto – antes a cor era dark, uma coisa meio deprê. Então demos essa animada, que inclusive aumentou as vendas. Na última semana, lançamos o Mistura que dá Hit, um videoclipe musical que associa a Orloff a artistas que eu agencio (os que são maiores de 25 anos), fazendo uma música autoral com product placement. Nosso foco é o público jovem. Há algum tempo, a marca havia parado de se comunicar com as novas gerações. Chega o momento no qual a Orloff entende que precisa conversar com todo mundo.

Inclusão e digital
As marcas não estão totalmente preparadas para quebrar barreiras sociais. Mas seria muito ingênuo da minha parte achar que do nada vai virar a chave e todo mundo estará preparado. É um processo, né? E quem se prepara mais rápido vai conseguir antecipar o resultado, porque o mercado é uma selva, todo mundo está brigando pelo market share. Eu já vejo uma evolução porque os estagiários, millennials, conquistaram uma voz para sugerir o que o cara que é baby bommer vai tomar a decisão – ele sabe que está desatualizado, que não vive no digital. A gente não tem tempo e nem paciência para se atualizar de mídia em mídia, de plataforma em plataforma. Foi só outro dia que eu descobri que existia o Tik Tok, que está bombando, e eu nem tenho esse app. Tudo isso ocorre muito rápido, e a molecada está antenada nisso aí e a gente começa a desenvolver referências com o olhar dessa galera. O digital faz com que a gente participe de viagens para qualquer lugar do mundo em segundos, faz com que a gente esteja conectado com qualquer coisa.

Influência
Fazendo um projeto de música autoral, você tem a liberdade de assumir alguns riscos. Para manter a imagem de uma marca sem arranhão nenhum, não dá para agir dessa forma. Por muito tempo, a KondZilla se fechou tentando performar apenas em uma plataforma. Quando fizemos isso, viramos terceiro maior canal de música do mundo. Mas aí rapidamente nos perguntamos “o que vamos fazer quando chegarmos a número 1?” Foi aí que mudamos o nosso posicionamento e começamos a distribuir a nossa atenção para todas as mídias. Atualmente somos o maior canal brasileiro do YouTube e a nossa audiência equivale a 24% da população brasileira. Ao mesmo tempo, estamos ampliando a nossa atuação. Lançaremos uma plataforma de conteúdo com informações sobre o comportamento do público jovem de favela assim que batermos a marca de 1 milhão de inscritos em um novo canal no YouTube – até agora não postamos nenhum vídeo, mas faltam só 50 mil pessoas. Eu estou também dando palestras em festivais de inovação, tecnologia e criatividade; em todas elas, sempre  há filas e fica gente pra fora do painel porque acabam os lugares.