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Houve uma época em que as notícias e o entretenimento eram consumidos de dois modos: nos cinemas, que exibiam documentários e filmes, e por áudio, através dos rádios. Um aparelho de rádio era então o dispositivo caseiro que tinha o papel de reunir a família, função que foi ocupada mais tarde pela TV. Depois veio a Internet, com a opção de escutar rádio online. Mas havia uma grande novidade. Pela primeira vez, era possível para qualquer interessado fazer o seu próprio programa com conteúdo de áudio e levá-lo ao ar. Nasciam os podcasts, caracterizados pelo conteúdo em formato de programas de rádio, porém disponibilizados na web.  

Voz do mercado

Os podcasts podem ser incluídos no conjunto de fenômenos estudados pelo jornalista Chris Anderson, editor da revista “Wired”, no livro “A Cauda Longa”. Ele afirma que o mundo digital deu voz a uma multidão de produtores de conteúdo, que simplesmente não contavam com canais de divulgação para seus produtos antes da internet. Ele chama esse cenário de “economia da abundância”. Mas esses produtores ganham dinheiro? Pouco importa! Seus autores podem ter outros tipos de ganhos, como reputação online, que pode trazer benefícios como prestígio acadêmico, notoriedade e até mesmo dinheiro, em um segundo momento.

Sim, é possível se tornar um digital influencer apresentando um podcast. Aos poucos, o formato começou a atrair a atenção de jornalistas, celebridades e músicos profissionais, que passaram a investir fortemente. Em alguns casos, os podcasts (de personalidades ou de desconhecidos do público) são reunidos em canais, que funcionam como um tipo de rádio, mas em que o conteúdo pode ser escutado na hora em que o ouvinte quiser.

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Já ouviu falar em nicho?

Você já deve ter percebido que os podcasts não atraem multidões. Então vale a pena anunciar nesse formato? A resposta é um estrondoso SIM! Para justificar o meu entusiasmo, recorro novamente a Chris Anderson. Ele comenta que os produtores de conteúdo desta chamada “economia da abundância” têm como foco o nicho. Geralmente, são especialistas (ou quase) que resolvem falar, escrever ou criar produtos para suas áreas de atividade.

E nestes tempos, em que entregar experiências extremamente personalizadas para o consumidor em sua jornada até uma conversão é o caminho a ser seguido, apostar no conteúdo de nicho e em seus produtores parece ser uma estratégia promissora. Por exemplo, vamos dizer que a análise dos seus dados revelou que homens jovens do público geek são atraentes para o mercado de fraudas, pois, grande parte deles é de pais. Não valeria anunciar em um podcast popular entre esse público?

Ouça as tendências

É provável que o público dos podcasts esteja entre os mais atentos ao conteúdo que consome. O insight é da ferramenta Podcast Analytics, lançada pela Apple em janeiro, a qual revelou que cada episódio de um podcast tem uma média de 90% de seu conteúdo ouvido pelos usuários. Além disso, é raro o consumidor pular anúncios. A ferramenta da Apple também descobriu que esse valor não depende da estrutura ou da duração do podcast, haja publicidade ou não.

Em resumo, o público dos podcasts é engajado e fiel ao conteúdo. Que tal então incluir em seu planejamento de marketing algumas estratégias que incluam o formato?

Edmardo Galli é CEO da IgnitionOne Latam. Em sua trajetória profissional, já se aventurou por diferentes segmentos de atuação. Na área de entretenimento, já foi roteirista para grandes séries, filmes e livros de sucesso nacional e internacional. Como empreendedor desenvolveu os mais variados projetos para múltiplos formatos de empresas. Em 1996, fundou uma das primeiras agências digitais do Brasil, a 10’Minutos Interactive, que se tornou uma marca reconhecida na indústria, adquirida em 2007 pela Ogilvy & Mather. Depois, foi presidente para a América Latina da Umbro.com e presidente Brasil da Todosport Network. Atualmente, à frente da IgnitionOne, é responsável pelas estratégias da empresa no país, além de gerenciar as operações na América Latina. A IgnitionOne é uma das empresas de tecnologia mais inovadoras do mundo digital e está incluída como “Visionária” no “Quadrante Mágico” dos hubs de marketing digital do Gartner.