Como é ser um profissional de mídia nos dias de hoje? Na opinião de Carla Gagliardi, VP de canais e engajamento da BETC São Paulo, duas palavras definem com ênfase a resposta: desafio e atualização. Para ela, o mídia é parte da imensidão de canais que temos disponíveis e precisa provocar e inventar novas histórias, com diferentes formas de contá-las todos os dias. “O sarrafo está cada vez mais alto e a maturidade do mercado e dos consumidores está se elevando a cada momento. Portanto, o que é novidade hoje, amanhã é ultrapassado. Temos que hackear as ferramentas de tecnologias para sermos pioneiros e exclusivos. O profissional de mídia já não existe mais, hoje somos muito mais do que isso”. Confira abaixo os principais pontos da entrevista com Carla:  

Principais tendências

Não temos mais essa divisão de áreas, pois cada vez mais somos cobrados para sermos um pouco de tudo. Precisamos ser criativos, analíticos, estrategistas e negociadores. Todas as áreas também têm essa mesma missão, então, o que vejo é uma evolução da mistura das áreas, com a ideia ao centro e as esferas rotacionando ao seu entorno.

Desafio constante

Com a velocidade em que as ferramentas de tecnologia estão evoluindo e o leque de possibilidades que isso nos dá, o maior desafio é entender tudo e conseguir traduzir em ideias práticas. O desafio é executar na velocidade em que estamos sendo desafiados.

Oportunidades

Nos desafios estão as principais oportunidades. Os profissionais que conseguirem ter essa agilidade na absorção de todo esse conteúdo, entenderem tudo isso, e conseguirem cruzar com as histórias que vão ser contadas para seus clientes, terão a oportunidade de inovar, de trazer os consumidores para perto e, consequentemente, de rentabilizar o planejamento e se destacar como profissional. Estamos na era da voz.

Transformação da mídia

Temos que tirar os óculos dos publicitários e colocar o de consumidor, afinal estamos todos falando de pessoas. Como usuários, consumimos conteúdo multicanal. Dependendo da nossa jornada diária passamos por inúmeros pontos de consumo de meios. O celular é um deles, assim como a TV. Os meios são complementares e, para que estejamos presentes no dia a dia do consumidor, temos que considerar todos esses canais em nossa estratégia. A TV tem o papel dela, no momento de falar com todos, assim como o celular tem o dele, no momento de falar com cada um.

Diversidade de formatos
Antes disso, a mídia já guiava a estratégia de criação porque é o “gate” de entrada do entendimento do comportamento dos consumidores. É também quem pode somar a isso a análise dos resultados das campanhas anteriores e hábitos desse consumidor com as marcas. A mídia sabe dizer o que o target quer ouvir, para que a partir daí possa se desenvolver a ideia. É o “Culture and Code”, estudar primeiro os dados que temos, para que isso sirva de insumo para criação de conteúdos verdadeiros e autênticos, e assim engajadores.

Múltiplos de contato
Temos que traçar para cada segmentação de consumidores uma jornada diferente, porque as pessoas são diferentes e têm hábitos diferentes. Entendendo esses pontos de contato, temos que estudar o que eles querem ouvir e quais assuntos mais se conectam com eles, para que possamos ser, de fato, alcançados e não somente expostos.

Fake news e mídia impressa
O hábito de consumir notícias está cada vez mais tendo seu push”no digital. O que acredito é que as marcas de editorias com mais tradição serão mais acessadas neste momento, onde mesclam-se fake e true news. As fontes de maior credibilidade ganham mais espaço. As fontes, não o meio.

Dentro das agências
É preciso readequar os times com escopos de trabalhos mais amplos do que somente mídia. Precisamos trazer outros tipos de profissionais que não tenham formação no mercado de publicidade, com perfis mais analíticos, relacionadas à estatística e gestão de dados, além de tecnologia, arquitetura da informação e design UX. Enfim, uma mescla de perfis que, juntos, vão poder atender o sucesso da idéia criativa.

Força das redes sociais

Se uma campanha não estiver nas redes sociais na sequência de seu lançamento, ela não foi um sucesso ou ninguém viu. As redes sociais permitem que saibamos como corrigir as rotas de nossas campanhas, além construir um elo entre as marcas e seus consumidores, que podem ajudar a construir ou destruir uma marca em questão de segundos. Um conteúdo postado pelos amigos é muito mais relevante e influenciador do que um anúncio de publicidade, e temos que colocar isso na previsão das nossas estratégias.