Que a vida não tem roteiro, a gente já sabe. Mas bem que gostaríamos de ter um anjo disfarçado de roteirista pra escrever a nossa melhor história. Completa. Repleta de finais felizes no pessoal e no profissional.

Mas a realidade é diferente. Não é perfeita. Então, bora encarar. Mesmo não deixando de sonhar, temos que seguir e respirar curiosidade, esse ar que nos move. Ela é o gatilho pra inovação, que nasce da inspiração. Por isso estamos aqui, no SXSW, pra buscar inspiração. Desde sempre, lemos muito, buscamos referências e informações das mais diversas fontes. Então, já chegamos aqui instrumentalizados, em busca das novas disrupções.

E, talvez, não tenhamos ouvido nada de tão novo assim. So far. Mas, está tudo certo também. Pois a tal inspiração vem dos momentos em que a gente ouve de novo, vem das conexões que fazemos quando a mente está receptiva, vem de falas e cases completamente diferentes da nossa indústria, vem do som das ruas, dos diversos serviços que a cidade oferece, das novas cores. E por que não, sabores?

E aí pintam as ideias.

Ideias, perspectivas, novos contextos e o “Big Data” da inovação – desde AI, blockchain até a “colonização de Marte”- não faltaram nesses dias, que ainda correm por aqui, diante de um volume inacreditável de milhares de palestras. Marcas, empreendedores e mentes brilhantes do mundo todo compartilhando cenários e ideias que corroboram com a constante construção do espírito do tempo atual.

Meu roteiro começa quando me obrigo diariamente a fazer mil perguntas pra responder a uma simples questão: qual o papel da marca que eu represento pro nosso público, diante de novos comportamentos, de novos contextos e das novas demandas da sociedade?

Essa pergunta não tem uma resposta pronta. No entanto, é acolhida por uma sensação de estarmos seguindo o caminho certo. Sensação essa que pulsou ao ouvir a Melinda Gates, da Fundação Bill e Melinda Gates, a Bozoma Saint John, do Uber, e tantas outras vozes falando em coro sobre a certeza de um mundo melhor pra todo mundo. Falando sobre as mulheres na tecnologia, a possibilidade de um ambiente de trabalho melhor, a inclusão, a diversidade, causas. Falando de pessoas, empatia, humanidade. Sobre mudança de cultura.

Nesse momento, meu mundo virou Melinda. Eu virei Melinda.

E percebi que a jornada é longa. E não é que a jornada é sempre mais instigante do que a chegada? Com cada projeto, cada desafio, chega um novo aprendizado.

Sim, precisa-se de roteiristas. Pra escrever essa vida sem roteiro. Pra dar conta dessa jornada imprevisível. E fica aqui uma dica: diante daquele profissional que se diz maduro, sabe tudo, e tem roteiro pronto, desconfie. O aprendizado é indiscutivelmente constante. Até porque constante é, também, a transformação do mundo, das mentes, das marcas. Até porque a grande revolução é a conexão com o simples. É nossa capacidade de aproximação, de buscar entender cada indivíduo, aproximar cada um deles, cuidar das relações pra, então, transformar o todo e contar essa nova história. Proximidade e relevância requerem verdade, transparência, confiança. Nisso sim, você pode confiar.

Luciane Neno é gerente de marketing e plataformas digitais da unidade infantil da Globosat

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