Crianças são influenciadas por marcas locais, mas quando crescem são mais impactadas pelas estrangeiras (Freepik)

A skatista de 13 anos Rayssa Leal mal havia conquistado a medalha de prata na categoria street dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 e a Turma da Mônica já tinha cravado uma homenagem à brasileira mais jovem a ganhar uma medalha olímpica, na madrugada de segunda-feira (26). Em posts nos canais digitais, Mônica voa em uma manobra usando as cores do Brasil.

No Instagram, ainda é possível ver Rosinha vestida de quimono para celebrar o bronze de Mayra Aguiar no judô e Magali em pose de ginasta para comemorar a prata de Rebeca Andrade na ginástica individual geral. Justamente o Cascão, claro, todo protegido e até de guarda-chuva, foi o escolhido para agradecer o ouro de Ítalo Ferreira no surfe.

Não à toa, é uma das marcas mais queridas dos brasileiros e também a campeã no ranking de popularidade apurado pela Licensing International, que tem a Abral (Associação Brasileira de Licenciamento de Marcas e Personagens) como associada e porta-voz do levantamento no mercado nacional. “É uma grande responsabilidade para nós e para nossos licenciados fazer parte do dia a dia das famílias”, comenta Mônica Sousa, diretora-executiva da Mauricio de Sousa Produções, que soma 200 empresas parceiras em 19 segmentos.

No relatório Awareness and popularity of brands and properties, Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão lideram as listas de todas as faixas etárias pesquisadas, exceto no recorte de 10 a 14 anos, onde fica em segundo lugar. A popularidade das marcas puxa o negócio de licenciamento, que faturou R$ 21 bilhões em 2020, alta de 5% na comparação com o exercício anterior.

“Somos bastante criteriosos em relação aos produtos e serviços aos quais somos associados. Desde a década de 1960, buscamos atrelar nossa identidade às marcas que tenham qualidade e relevância, em que possamos nos identificar com seus valores”, acrescenta Mônica.

Até 14 anos, a Turma da Mônica (5,1%) é a propriedade mais citada, seguida por Nike (3,5%), Luccas Neto (3,1%), Adidas (2,5%), Neymar (2,5%), Homem-Aranha (1,7%), Bob Esponja (1,6%), Barbie (1,5%), Peppa Pig (1,5%), e Estrela (1,4%). Todas elas se revesam em diferentes posições nos demais grupos, incluindo Galinha Pintadinha, Mundo Bita, Paw Patrol e Masha e o Urso, entre crianças até dois anos; Paw Patrol e Lego, entre pequenos de três a seis anos; Minecraft e Lego, na faixa de sete a nove anos; e Felipe Neto, Harry Potter e Minecraft, entre crianças e adolescetes de 10 a 14 anos.

Os resultados mostram “o poder de marcas locais”, comenta Marici Ferreira, presidente da Abral. Acentuada em crianças mais novas, essa influência diminui na medida em que os pequenos passam a ter contato com marcas globais.
Celebridades, música e programas de TV formam as principais categorias verificadas. Já os esportes ficam na lanterna, mas Flamengo, Corinthians e Palmeiras são os times prediletos da garotada.

Livros, animações, quadrinhos, moda, filmes, música, brinquedos, games e aplicativos também foram estudados. Bom Dia e Cia, Paw Patrol e Peppa Pig são os preferidos entre os programas de TV. Já Minecraft, Free Fire e Roblox ganham o favoritismo entre os games. Na moda, as mais populares são Nike, Adidas e Brandili.

Segundo o estudo, as 11 licenças do primeiro quadro de menções equivale a 1% do total de franquias, indicando a concentração do setor. A pesquisa feita em abril de 2021 soma 2.389 entrevistas coletadas em 42 países pela Kidz Global/BrandTrends Entertainment.

No Japão, os três primeiros lugares para o público de zero a dois anos ficam com o personagem Anpanman e os programas infantis Inai Inai Baa e Okaasan to Issho. Outro exemplo vem da Suécia, onde Babblarna, Bamse & Kylling e Bolibompa são os mais populares para menores de dois anos. Depois, estão Peppa Pig, Lego e outra propriedade local, Pippi das Meias Altas.